28 de julho de 2004

No dia nacional da conservação da natureza

Com o enfado próprio de quem tem a praia à espera - com o mar sem ondulação e a água a convidativos 22 graus - e a ansiedade de quem vê esgotarem-se os lugares sentados nas esplanadas da Quinta do Lago, o governo de Verão terá hoje o seu programa aprovado pelo parlamento. Por entre algumas quatro moções de rejeição das oposições, cujo somatório dá zero noves fora nada, e uma moção de confiança da maioria, que representa uma fracção cujo numerador é nulo, podem todos, confortavelmente, correr para casa a apressar o arranjo das malas e voarem aos respectivos destinos.

Por ironia, sem moções de confiança e sem reservatórios onde os helicópteros possam reabastecer-se de água, com a benção do Estado, o país comemora o Dia Nacional da Conservação da Natureza. Fá-lo enquanto, como há anos, a paisagem arde de norte a sul. Por entre as cinzas que escorrem da Serra da Arrábida para o mar e as labaredas que lambem o cocuruto dos pinheiros no Parque Nacional da Peneda-Gerês o ministro mantém-se politicamente ausente. Segundo afiançam está preso a Lisboa na procura de instalações dignas para o gabinete e, já agora, prevenindo as vertigens que sempre lhe deram as viagens de helicóptero e salvaguardando o verniz espelhado dos sapatos.

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