9 de julho de 2004

O ritual do Haraquiri

Com o devido respeito, tomo a liberdade de trancrever daqui a descrição do ritual do Haraquiri. Quem quiser pode ir ao site e ler quanto ali está escrito sobre os samurais. Falta de imaginação ou não, nada mais há que me ocorra.

O Harakiri é um dos mais intrigantes e fascinantes aspectos do código de honra do samurai: consiste na obrigação ou dever do samurai em suicidar-se em determinadas situações, ou quando julga ter perdido a sua honra. Significa literalmente "corte estomacal". Esse suicídio ritual é também denominado seppuku, que é uma forma mais elegante de dizer exactamente a mesma coisa.


Várias circunstâncias podiam levar o samurai a praticar o harakiri:
- Como castigo e forma de recuperar a sua honra pessoal, uma vez que esta foi perdida em alguma atitude indigna do nome da sua família e/ou dos seus ancestrais;
- A fim de evitar ser prisioneiro em campos de batalha, pois entre os samurais era considerada uma desonra render-se ao adversário; assim, preferiam renunciar à vida do que entregar-se aos inimigos. Além disso, a rendição também não era uma boa escolha, pois os presos eram quase sempre torturados e maltratados;
- Num acto de pura lealdade, o samurai chega a matar-se para chamar a atenção ao seu senhor acerca de algo de errado que este esteja a fazer, advertendo-o. Alguns samurais também se suicidavam ao ver o declínio dos seus senhores, ou mesmo quando estes morriam, como forma de acompanhá-los eternamente e seguir o preceito de que um samurai não serve mais que um daymio na sua vida.


O ritual do harakiri era praticado da seguinte forma:
O suicida banhava-se, de forma a purificar o seu corpo e a sua alma e dirigia-se ao local de execução, onde se sentava à maneira oriental. Pegava então na sua espada curta [wakizashi], ou num punhal afiado e enfiava a arma no lado esquerdo do abdómen, cortando a região central do corpo e terminava por puxar a lâmina para cima. Era importante o corte ser no abdómen, pois era considerado o centro do corpo, das emoções e do espírito pelo povo japonês. Assim, o samurai estaria literalmente a cortar a sua "alma".
A morte por evisceração era lenta e dolorosa, e podia levar horas. Apesar disso, o samurai devia mostrar absoluto controlo, não podendo dar sinais de dor ou medo.


Ao lado do suicida ficava um amigo ou parente, o "kaishakunin", que portava uma espada. Era uma espécie de assistente do ritual; se o samurai demonstrava não conseguir suportar mais a dor, o kaishakunin dava-lhe o golpe de misericórdia, decepando sua cabeça. Seria considerada uma imensa falta de respeito se a cabeça do samurai rolasse diante de seus parentes, que geralmente também assistiam à execução. Por causa disso o kaishakunin devia acertar o pescoço do samurai de modo a deixar a sua cabeça pendendo, para que esta não fosse degolada. Assim, o kaishakunin devia ser um exímio espadachim, pois não poderia falhar o corte. Era uma função considerada honrosa.
Tornou-se costume entre as famílias de samurais ensinar o filho homem, na véspera de ingressar na vida adulta, o modo exacto de se praticar o seppuku.


Nem sempre o ritual era seguido à risca com todos os seus detalhes. Em alguns casos extremos, como em campos de batalha, onde não havia tempo para tais preparos, o samurai abandonava a vida apenas enfiando a espada em sua barriga.
O primeiro harakiri registrado na história data de 1170, quando Minamoto Tametomo, figura quase lendária do clã Minamoto, se suicidou após perder uma batalha contra o também famoso clã dos Taira.
O suicídio ritual tinha grande significado para o povo japonês. Vencendo o medo da morte, o samurai vencia também esse grande enigma da humanidade e destacava-se então das outras classes existentes na época. É esse mesmo espírito do samurai que levou os pilotos suicidas [os kamikazes] a explodirem junto com os seus aviões durante a 2ª Guerra Mundial.

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