As conferências para a fina flor do entulho
Inexplicavelmente o Dr Rio tomou uma aitude. Depois de ter ido, por duas vezes, inaugurar os acessos ao novo estádio do Dragão enquanto o Sr Pinto da Costa os agradecia ao governo, resolveu promover no Porto um ciclo de conferências sobre o 30 anos do 25 de Abril. Para, segundo declarou, modificar a imagem de um Porto zangado.
O acto em si não é de desespero, é de puro esbanjamento. Estando a câmara falida não se compreende que passe a vida a empenhar-se ainda mais em festas de que a construção civil nada aproveita. A iluminação das ruas, pelo Natal, foi o que se viu. Era tal a luminosidade que em Santa Catarina tinha que se levar a mão a proteger os olhos sempre que um passante acendia o isqueiro para pegar fogo ao cigarro. Para acalmar a turba montaram-se postos itinerantes da polícia e dos bombeiros que, alegremente, foram trocando entre si saudações da época e presentes das lojas dos trezentos. Mas que, mesmo assim, na noite da consoada foram comer o bacalhau para casa.
Como se isso não tivesse bastado, promoveu-se a passagem de ano na Praça da Liberdade. Mais uma vez, para benefício dos lucros da EDP, com muita luz, roulottes de bifanas e de farturas, selhas de cerveja e refrigerantes, sem necessidade de pedras de gelo para refrescar porque estava frio. Contratou-se uma música qualquer, depois do Rui Reininho ter declinado o convite porque já se deixou de actuações assim, para o pé descalço. Com o tempo de lua nova e a noite escura, o Sr Pedro Abrunhosa não conseguiu adquirir óculos que lhe mostrassem o caminho, e não chegou a tempo. E, em noite de festa, estão todas as lojas fechadas na cidade de Penafiel, regressou a casa e ficou ao borralho a ver televisão.
A música entrou pela madrugada dentro, até altas horas. O relógio da câmara, que fora acertado à saída dos funcionários, marcava já meia noite e quinze minutos quando a orquestra deu o derradeiros acordes. No primeiro dia útil do ano as discotecas da cidade correram aos paços do concelho a apresentar reclamações iradas contra a concorrência desleal e nocturna que o Dr Rio persistia em fazer-lhes. Foi preciso que o engenheiro Rui Sá cofiasse a barba e puxasse dos galões para acabarem todos no Embaixador a tomar o café a meio da manhã.
Agora um ciclo de conferências, ainda por cima no edifício da alfândega, que fica fora de mão e em local húmido, mesmo à beira rio. E a lista de conferencistas convidados, longa e de qualidade, como os lagostins das marisqueiras de Matosinhos. Que de certeza se não contentam em comer um hamburguer na Imperial - quem havia de dizer que a Imperial ia acabar naquilo! - e descer a pé até ao rio, a remoê-lo. Devem exigir jantar na Cooperativa dos Pedreiros e serão certamente satisfeitos, desde que não desviem o olhar curioso para as ruínas daquilo que foi a casa da D Guilhermina Suggia. Sendo já longe, haverá automóveis dignos para os transportar. Confortáveis, para que não arrotem e vomitem o creme queimado no trajecto.
Mas coisa de referência, até o Sr Carlos Castro estava à porta para espreitar as toilletes. Muito bem acompanhado, por sinal. Creio é que depois também não seguiu para a conferência e preferiu subir ao quarto, para relaxar. O sucesso transpirou e o engenheiro Nuno Cardoso sentiu como grande afronta não ter sido convidado. Nem para o jantar, nem para a plateia. E garantiu que esta, onde se viram sentados quatro assistentes, teria o dobro só à conta da concelhia a que preside. A organização desmontou-lhe a vaidade e a irritação em três tempos: a entrada era livre, tivesse aparecido.
Desmancha prazeres, veio uma organização com nome de dois quilómetros e descrição adicional de mais três, lamentar que não tivesse sido permitida a entrada de público. O município desculpou-se com a lotação da sala e a falta de lugares vagos. A tal comissão instaladora da interassociações - que não se instalou coisa nenhuma, está visto! - acusou "estas comemorações de ficarem assim limitadas a uma elite, excluindo-se a participação popular".
E, assim sendo, as conferências são de facto destinadas à elite que o Dr Rio entende como tal. Para elas, pelos vistos, é apenas convidada a fina flor do entulho da sociedade tripeira. Olé!
O acto em si não é de desespero, é de puro esbanjamento. Estando a câmara falida não se compreende que passe a vida a empenhar-se ainda mais em festas de que a construção civil nada aproveita. A iluminação das ruas, pelo Natal, foi o que se viu. Era tal a luminosidade que em Santa Catarina tinha que se levar a mão a proteger os olhos sempre que um passante acendia o isqueiro para pegar fogo ao cigarro. Para acalmar a turba montaram-se postos itinerantes da polícia e dos bombeiros que, alegremente, foram trocando entre si saudações da época e presentes das lojas dos trezentos. Mas que, mesmo assim, na noite da consoada foram comer o bacalhau para casa.
Como se isso não tivesse bastado, promoveu-se a passagem de ano na Praça da Liberdade. Mais uma vez, para benefício dos lucros da EDP, com muita luz, roulottes de bifanas e de farturas, selhas de cerveja e refrigerantes, sem necessidade de pedras de gelo para refrescar porque estava frio. Contratou-se uma música qualquer, depois do Rui Reininho ter declinado o convite porque já se deixou de actuações assim, para o pé descalço. Com o tempo de lua nova e a noite escura, o Sr Pedro Abrunhosa não conseguiu adquirir óculos que lhe mostrassem o caminho, e não chegou a tempo. E, em noite de festa, estão todas as lojas fechadas na cidade de Penafiel, regressou a casa e ficou ao borralho a ver televisão.
A música entrou pela madrugada dentro, até altas horas. O relógio da câmara, que fora acertado à saída dos funcionários, marcava já meia noite e quinze minutos quando a orquestra deu o derradeiros acordes. No primeiro dia útil do ano as discotecas da cidade correram aos paços do concelho a apresentar reclamações iradas contra a concorrência desleal e nocturna que o Dr Rio persistia em fazer-lhes. Foi preciso que o engenheiro Rui Sá cofiasse a barba e puxasse dos galões para acabarem todos no Embaixador a tomar o café a meio da manhã.
Agora um ciclo de conferências, ainda por cima no edifício da alfândega, que fica fora de mão e em local húmido, mesmo à beira rio. E a lista de conferencistas convidados, longa e de qualidade, como os lagostins das marisqueiras de Matosinhos. Que de certeza se não contentam em comer um hamburguer na Imperial - quem havia de dizer que a Imperial ia acabar naquilo! - e descer a pé até ao rio, a remoê-lo. Devem exigir jantar na Cooperativa dos Pedreiros e serão certamente satisfeitos, desde que não desviem o olhar curioso para as ruínas daquilo que foi a casa da D Guilhermina Suggia. Sendo já longe, haverá automóveis dignos para os transportar. Confortáveis, para que não arrotem e vomitem o creme queimado no trajecto.
Mas coisa de referência, até o Sr Carlos Castro estava à porta para espreitar as toilletes. Muito bem acompanhado, por sinal. Creio é que depois também não seguiu para a conferência e preferiu subir ao quarto, para relaxar. O sucesso transpirou e o engenheiro Nuno Cardoso sentiu como grande afronta não ter sido convidado. Nem para o jantar, nem para a plateia. E garantiu que esta, onde se viram sentados quatro assistentes, teria o dobro só à conta da concelhia a que preside. A organização desmontou-lhe a vaidade e a irritação em três tempos: a entrada era livre, tivesse aparecido.
Desmancha prazeres, veio uma organização com nome de dois quilómetros e descrição adicional de mais três, lamentar que não tivesse sido permitida a entrada de público. O município desculpou-se com a lotação da sala e a falta de lugares vagos. A tal comissão instaladora da interassociações - que não se instalou coisa nenhuma, está visto! - acusou "estas comemorações de ficarem assim limitadas a uma elite, excluindo-se a participação popular".
E, assim sendo, as conferências são de facto destinadas à elite que o Dr Rio entende como tal. Para elas, pelos vistos, é apenas convidada a fina flor do entulho da sociedade tripeira. Olé!
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