28 de junho de 2004

A bancada central da actualidade política

A TSF, por intermédio do relator desportivo Fernando Correia, mantem no ar um programa diário sobre futebol que é preenchido com a participação telefónica dos ouvintes. Não é muito difícil de imaginar o teor das diversas intervenções. Muitas são produzidas sempre pelos mesmos que já conhecem o apresentador e se conhecem entre si. Quase todos são ferrenhos adeptos dos clubes desportivos mais conhecidos e comentam, à boa maneira dos dirigentes e dos técnicos, os resultados e justificam os desaires, quando ocorrem. O árbitro é quase sempre, pela sua desbragada actuação, uma das figuras centrais.

A mesma TSF, diariamente também, emite um chamado forum para discussão de temas da actualidade, ainda aqui com a participação dos ouvintes. Alterando parcialmente o figurino na medida em que convida figuras públicas e profissionais da comunicação a emitirem também opinião sobre o assunto do dia. Não é grave que acedam a isso, mesmo que se critique a única intenção de visibilidade pública que parece estar-lhe subjacente. Mas depois de profissionais reputados, com um currículo construído ao longo de muitos anos, aceitarem a participação em programas com o comissário político Luís Delgado, travestido de jornalista, já nada se estranha. E a continuar assim, tudo acaba por se aplaudir.

O forum de hoje, sobre o assunto Durão Barroso - Comissão Europeia - Santana Lopes, foi uma bancada central matinal, no seu melhor: um chorrilho de asneiras e uma vitrina para disparates de todo o quilate e de todos os sentidos, naquilo que se refere à participação dos ouvintes. Cheguei mesmo a imaginar Santana Lopes, no balneário, rezando fervorosamente a uma minúscula imagem de Nossa Senhora de Fátima. Positivo? O consenso gerado em relação do primeiro-ministro do Luxemburgo para presidente da Comissão Europeia, antes de ser aventado o nome de Durão Barroso. Que recusou, baseando-se no facto de ter sido eleito para o cargo que desempenha. Mesmo à margem de todas as normas legais chamava-se a isto ÉTICA. Que os responsáveis, em Portugal, definam o conteúdo do termo e promovam a sua inclusão na próxima edição dos dicionários escolares da Porto Editora. A ver se alguém aprende!

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial