O país é o palácio! Que bois o olham?
Portugal olha para a Europa como um boi para um palácio. Só sabe de futebol, de pontapés de canto, de foras de jogo, de cargas e avançadas, de defesas e penalties.
Hoje, que é dia de S. João, o doutor que até tem jeito para isso, com obra publicada em letra de forma, tinha de certeza conseguido alinhavar meia dúzia de quadras alusivas ao dia e concorrido ao concurso do Jornal de Notícias. Muito provavelmente teria arrecadado algum prémio e coleccionado algumas menções honrosas. No mínimo teria ganho um mangerico ou mesmo dois, com diplomas a acompanhar. Com isso teria, ao menos hoje, deixado o país em paz, convencido de que ao fim da tarde vai ter alinhada a esquadra invencível frente ao cais das colunas e partir a atravessar o canal da Mancha. Despejar infantaria em Ramsgate, subir o Tamisa e invadir Hyde Park e o palácio de Buckingham. Neutralizar a guarda real, fazer soar os tacões nos corredores longos e sombrios e apanhar o príncipe de Gales, de ceroulas, a levantar-se do catre.
Isto mesmo que tenha razão. Porque de facto Portugal olha para a Europa como os políticos que tem olham para o país que Portugal é e para o povo que o habita. Como diz, como bois a olhar para palácios! Os políticos que o país tem não lhe conhecem as coordenadas e apenas sabem onde fica a Costa da Caparica por causa da praia e a Ericeira por causa do marisco. Sabem do Piódão por causa dos postais e de Monsanto por causa do médico Fernando Namora. Mas já não sabem nada de Boleiros ou da Picha que, todavia, pertencem ao país real. E de Santiago de Cacém nem querem saber porque Manuel da Fonseca até era comunista.
De resto os políticos sabem de futebol ainda muito mais do que o país. Basta que se atente na aplicação com que se devotam ao estudo e às várias acções de reciclagem que frequentam. Nos estádios do Euro, da Superliga, de Sevilha ou mesmo de Gelsenkirchen!
[Vasco Graça Moura, eurodeputado]
Hoje, que é dia de S. João, o doutor que até tem jeito para isso, com obra publicada em letra de forma, tinha de certeza conseguido alinhavar meia dúzia de quadras alusivas ao dia e concorrido ao concurso do Jornal de Notícias. Muito provavelmente teria arrecadado algum prémio e coleccionado algumas menções honrosas. No mínimo teria ganho um mangerico ou mesmo dois, com diplomas a acompanhar. Com isso teria, ao menos hoje, deixado o país em paz, convencido de que ao fim da tarde vai ter alinhada a esquadra invencível frente ao cais das colunas e partir a atravessar o canal da Mancha. Despejar infantaria em Ramsgate, subir o Tamisa e invadir Hyde Park e o palácio de Buckingham. Neutralizar a guarda real, fazer soar os tacões nos corredores longos e sombrios e apanhar o príncipe de Gales, de ceroulas, a levantar-se do catre.
Isto mesmo que tenha razão. Porque de facto Portugal olha para a Europa como os políticos que tem olham para o país que Portugal é e para o povo que o habita. Como diz, como bois a olhar para palácios! Os políticos que o país tem não lhe conhecem as coordenadas e apenas sabem onde fica a Costa da Caparica por causa da praia e a Ericeira por causa do marisco. Sabem do Piódão por causa dos postais e de Monsanto por causa do médico Fernando Namora. Mas já não sabem nada de Boleiros ou da Picha que, todavia, pertencem ao país real. E de Santiago de Cacém nem querem saber porque Manuel da Fonseca até era comunista.
De resto os políticos sabem de futebol ainda muito mais do que o país. Basta que se atente na aplicação com que se devotam ao estudo e às várias acções de reciclagem que frequentam. Nos estádios do Euro, da Superliga, de Sevilha ou mesmo de Gelsenkirchen!
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