Alegre-se a companha
Os grandes homens nunca se distinguiram pelos grandes feitos. Bem ao contrário, foi sempre pelas pequenas coisas, minhoquices, questões de pormenor. Carácter ou falta dele, dedicação ou oportunismo, sangue azul ou sangue vermelho, dissolução de guano ou extracto de salsaparrilha.
O indigitado ministro das finanças, ao que parece um académico ilustre e considerado, terá já afirmado que, a prazo, o aumento dos impostos é inevitável. Os académicos vivem, via de regra, num mundo à parte, que não é este em que vivemos nós, cidadãos de baixa condição, com o despertador a arrancar-nos da cama ainda de madrugada, auferindo menos ou pouco mais do que o salário mínimo, suportando as taxas moderadoras na saúde, levando os filhos pequenos ao infantário, colaborando para o sucesso dos hospitais sa e para os lucros, sempre curtos, do banco do regime. Assim sendo, e como o país lhes está entregue, podemos sempre esperar por grandes projectos, vermo-nos confrontados com esplêndidas teorias e acabar a contabilizar os prejuízos do Centro Cultural de Belém, da Expo 98 e da mais modesta Casa da Música. E, como Pedro Álvares Cabral, fazermos o plano da viagem para a Índia e acabarmos por aportar ao Brasil. Com a desgraça de, à época, apenas haver indígenas porque as mulatas são invenção posterior.
Em Portugal, para se assegurar que as coisas não funcionarão, começa-se tudo pelo telhado. No caso concreto do quase ministro das finanças não custa admitir que quando decidiu casar, sendo os rendimentos curtos para o orçamento familiar, terá solicitado aumento ao patrão. E terá seguido o mesmo salutar princípio quando entendeu alcatifar a casa, mudar os móveis, substituir os electrodomésticos, arranjar um automóvel que lhe permitisse a viagem até à aldeia com o mínimo de conforto, encomendar os filhos e matriculá-los na escola. Sempre que o patrão negou provimento às suas pretensões, endividou-se utilizando a ilegítima pressão que o sector financeiro faz dia e noite sobre os incautos e desprotegidos cidadãos. A longo prazo, para que a geração dos seus filhos e dos netos dos outros envelheçam a pagar as prestações com o sector financeiro a reclamar da rentabilidade, da insuficiência das margens e do excessivo endividamento das famílias.
Meio minuto de ponderação - vocábulo que os políticos não usam e cujo significado de todo desconhecem! - tê-los-ia levado a concluir, como La Palisse, que cada um deve viver com aquilo que tem e a não contar com o ovo no cu da galinha. O país que docilmente paga os impostos não é o que vive nas avenidas novas, nem o que adquire mansões na Quinta do Lago, tão pouco o que segue de praia em praia a bordo de um qualquer helicóptero que melhor serviria qualquer vulgar incêndio onde alguns vulgares e dedicados bombeiros vão deixando a vida e cavando a desgraça dos descendentes. Linear é viver-se com o que se tem, sem criatividades contabilísticas - ou receitas extraordinárias, tanto faz! -, sabendo-se que diariamente a política da União Europeia nos remete um prémio do euromilhões, sem que tenhamos feito nada para isso.
Para além disto, pequena grande atitude da avantesma política que é o Sr. António José Seguro, portador do cartão vitalício de "boy" desde a idade média, é ter recusado o convite do Sr. José Sócrates para se manter como presidente do grupo parlamentar socialista. Porquê? Por claras e incontornáveis razões: o tempo e o modo do convite não foram os mais apropriados. Está visto que o Sr. José Sócrates, talvez ainda pouco dado a estas coisas do protocolo, não deixou que o Sr. Seguro fizesse tranquilamente a digestão do almoço e recuperasse energias à custa de uma retemperadora sesta, uma instituição política nacional, a caminho de se tornar num órgão de soberania. Mais do que isso! Está visto que o terá feito aos berros, julgando-se ainda no deboche da campanha. Ora o Sr. Seguro é uma pessoa de respeito, jovem ainda, mas educado. Frequentou boas escolas, foi de férias à Tailândia, viveu em Estrasburgo. Dizem até que o seu francês é melhor do que o do Dr. Mário Soares e que a Dra. Edite Estrela lho inveja. Não seria melhor que o Sr. Sócrates frequentasse um curso intensivo de etiqueta na quinta da D. Paula Bobone? A bem da digestão e da sesta do Sr. Seguro. O interesse público muito teria a lucrar com isso. E se houver dúvidas sua alteza real, o Sr. D. Duarte Pio etc e tal de Bragança que faça o favor de vir a terreiro para esclarecê-las!
O indigitado ministro das finanças, ao que parece um académico ilustre e considerado, terá já afirmado que, a prazo, o aumento dos impostos é inevitável. Os académicos vivem, via de regra, num mundo à parte, que não é este em que vivemos nós, cidadãos de baixa condição, com o despertador a arrancar-nos da cama ainda de madrugada, auferindo menos ou pouco mais do que o salário mínimo, suportando as taxas moderadoras na saúde, levando os filhos pequenos ao infantário, colaborando para o sucesso dos hospitais sa e para os lucros, sempre curtos, do banco do regime. Assim sendo, e como o país lhes está entregue, podemos sempre esperar por grandes projectos, vermo-nos confrontados com esplêndidas teorias e acabar a contabilizar os prejuízos do Centro Cultural de Belém, da Expo 98 e da mais modesta Casa da Música. E, como Pedro Álvares Cabral, fazermos o plano da viagem para a Índia e acabarmos por aportar ao Brasil. Com a desgraça de, à época, apenas haver indígenas porque as mulatas são invenção posterior.
Em Portugal, para se assegurar que as coisas não funcionarão, começa-se tudo pelo telhado. No caso concreto do quase ministro das finanças não custa admitir que quando decidiu casar, sendo os rendimentos curtos para o orçamento familiar, terá solicitado aumento ao patrão. E terá seguido o mesmo salutar princípio quando entendeu alcatifar a casa, mudar os móveis, substituir os electrodomésticos, arranjar um automóvel que lhe permitisse a viagem até à aldeia com o mínimo de conforto, encomendar os filhos e matriculá-los na escola. Sempre que o patrão negou provimento às suas pretensões, endividou-se utilizando a ilegítima pressão que o sector financeiro faz dia e noite sobre os incautos e desprotegidos cidadãos. A longo prazo, para que a geração dos seus filhos e dos netos dos outros envelheçam a pagar as prestações com o sector financeiro a reclamar da rentabilidade, da insuficiência das margens e do excessivo endividamento das famílias.
Meio minuto de ponderação - vocábulo que os políticos não usam e cujo significado de todo desconhecem! - tê-los-ia levado a concluir, como La Palisse, que cada um deve viver com aquilo que tem e a não contar com o ovo no cu da galinha. O país que docilmente paga os impostos não é o que vive nas avenidas novas, nem o que adquire mansões na Quinta do Lago, tão pouco o que segue de praia em praia a bordo de um qualquer helicóptero que melhor serviria qualquer vulgar incêndio onde alguns vulgares e dedicados bombeiros vão deixando a vida e cavando a desgraça dos descendentes. Linear é viver-se com o que se tem, sem criatividades contabilísticas - ou receitas extraordinárias, tanto faz! -, sabendo-se que diariamente a política da União Europeia nos remete um prémio do euromilhões, sem que tenhamos feito nada para isso.
Para além disto, pequena grande atitude da avantesma política que é o Sr. António José Seguro, portador do cartão vitalício de "boy" desde a idade média, é ter recusado o convite do Sr. José Sócrates para se manter como presidente do grupo parlamentar socialista. Porquê? Por claras e incontornáveis razões: o tempo e o modo do convite não foram os mais apropriados. Está visto que o Sr. José Sócrates, talvez ainda pouco dado a estas coisas do protocolo, não deixou que o Sr. Seguro fizesse tranquilamente a digestão do almoço e recuperasse energias à custa de uma retemperadora sesta, uma instituição política nacional, a caminho de se tornar num órgão de soberania. Mais do que isso! Está visto que o terá feito aos berros, julgando-se ainda no deboche da campanha. Ora o Sr. Seguro é uma pessoa de respeito, jovem ainda, mas educado. Frequentou boas escolas, foi de férias à Tailândia, viveu em Estrasburgo. Dizem até que o seu francês é melhor do que o do Dr. Mário Soares e que a Dra. Edite Estrela lho inveja. Não seria melhor que o Sr. Sócrates frequentasse um curso intensivo de etiqueta na quinta da D. Paula Bobone? A bem da digestão e da sesta do Sr. Seguro. O interesse público muito teria a lucrar com isso. E se houver dúvidas sua alteza real, o Sr. D. Duarte Pio etc e tal de Bragança que faça o favor de vir a terreiro para esclarecê-las!
1 Comentários:
Aguenta-te na república
e alegra-te na companhia.
Em 1907 o "povo" escandalizava-se com
os pedidos de adiantamento da Casa Real para fazer face às despesas correntes.
Em 2005 o "povo" aplaude e acha "normal" a escolta da Brigada de Trânsito da Guarda Nacional Republicana a uma colaboradora do BPI a caminho da maternidade.
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