22 de novembro de 2003

Razão tinha eu, Dr Santana

Razão tinha eu, Dr Santana. Razão tinha eu quando aqui, há menos de um mês, puxava pela pinha a avisar quem quisesse ser avisado, dizendo que os comentadores de televisão eram mal pagos. E que, por isso, tinham de socorrer-se de actividades subsidiárias, a tempo parcial, sem garantia de descontos para a segurança social, para comporem o orçamento e, de vez em quando, comprar um fatito novo no Rosa e Teixeira, mesmo que seja nos saldos. E aí está, no seu caso pessoal, frontalmente a confirmação: viu-se impedido de participar nas reuniões da Câmara Municipal – de que é presidente por biscate – por força das obrigações que lhe impõe o contrato assinado com a SIC do Dr Balsemão.

A atitude do Dr Balsemão revela também a sua desumanidade e o seu espírito déspota e mesmo esclavagista. Fico até sem compreender como um tio Patinhas daqueles foi capaz de, mesmo nos tempos das vacas gordas, ter oferecido aquele Honda vermelho à Catarina que, entretanto, se passou para o João Gil e para o serviço público. E depois a coragem que teve de fazer o que fez com o Dr Rangel e com a senhora, mandando ambos para o desemprego com um impresso assinado para se habilitarem ao respectivo subsídio. Vá lá que o Dr Rangel teve a sorte de rapidamente arranjar novo emprego, ainda que mal pago, na estação do serviço público e com ele lá foi aguentando sozinho as despesas da casa. Mas por pouco tempo também que o Dr Sarmento, tendo menos idade e menos dinheiro que o Dr Balsemão, tem pelo menos o mesmo mau feitio. É ouvi-lo quando fala, com a fúria até se atrapalha a alinhar as palavras.

Então agora o Dr Balsemão não podia dispensá-lo para ir às reuniões da Câmara? Então isso não é má vontade, fazia-lhe alguma diferença? Só lhe falta, daqui a pouco, julgar-se no direito de o proibir de ir às docas beber um copo e piscar o olho às aves de arribação que a noite por vezes guia até lá. Se fosse a si, Dr Santana, mandava já colocar um grande painel a denunciar a situação, na marginal, logo quando se sai de Lisboa, à semelhança daqueles que o Dr mandou espetar na Rua da Madalena, por causa dos buracos. Parece que é o sítio que lhe fica mais próximo da Quinta da Marinha, não é?

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