4 de dezembro de 2003

O bailinho do Dr Alberto João pode continuar

No Funchal, nas Caraíbas ou nas colónias madeirenses espalhadas pela América do Norte, pode o impagável Dr Alberto João deixar de tomar calmantes e passar a dormir descansado, como um anjinho sapudo e sem asas. Pode dar ordem imediata para que continuem os arranjos e as iluminações para a época de Natal e de fim de ano. Pode recomendar que prossiga a preparação dos corsos de entrudo, preparando fantasias e carros alegóricos. Pode antecipar a campanha para as eleições que vai ganhar no próximo ano, como vem acontecendo desde há um século e preparar os festejos de comemoração. Pode mesmo, com antecedência, recomendar que ampliem o espaço e aumentem o número de barracas para a festa anual do Chão de Lagoa. E não se esqueçam, já agora, da quantidade de poncha que vai estar à disposição dos romeiros e peregrinos.

Por mim fico também bem mais tranquilo com a satisfação dos desejos do Dr alberto João, porque é certo que se acalmará. E toda a gente sabe que aquilo é homem do tipo “vocês agarrem-me senão eu faço-os já todos em merda!” que, naturalmente, se não quer irritado de maneira nenhuma. Porque, por mais que uma vez ameaçou já começar pelo Ministro da República – óbvio resquício da presença colonial e imperialista que persiste na exploração do pobre gentio – para depois viajar para a potência colonizadora, utilizando um voo que, para variar e agravar os resultados de exploração da TAP, seja subsidiado ou mesmo gratuito. E sempre receei que chegado ao aeroporto da Portela ela possa apanhar facilmente um táxi – se conseguir entender-se com o motorista naquela língua esquisita que se fala no continente – e pôr-se no Terreiro do Paço em menos de quinze minutos.

Custo e pagamento da corrida de táxi à parte, seria uma desgraça como a que ocorreu com o terramoto de 1755. Se bem que nessa altura tivéssemos vivo o D. Sebastião José que, rapidamente, decidiu tratar dos feridos, enterrar os mortos e reconstruir a cidade a partir dos escombros. E agora, nos tempos que correm, quem o faria? Ele, o próprio Dr Alberto João, feito trolha, emigrando para a odiada potência colonizadora, abdicando da sua condição de régulo e de todas as mordomias com que o cargo é distinguido, incluindo as provas recorrentes de poncha e de banana? Ora, deixem-se de utopias, já parecem os seis milhões de benfiquistas a pensar na vitória na superliga deste ano. Os gajos de cá? Limitar-se-iam a perder os concursos públicos – se algum chegasse a ser realizado, já se vê! – para os espanhóis, como já vem sendo habitual. Mesmo depois do empenho que o Dr Jorge Sampaio teve o cuidado de demonstrar a D. Juan Carlos. Quanto ao engenheiro Duarte Pacheco, como sabem, hoje não passa de um viaduto em obras, com um cartaz do Dr Santana espetado por cima. Porque o engenheiro morreu há muito!

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