A obsessão do Dr Carrilho

Não foi de todo muito bem sucedido nesta primeira substituição, mesmo que em termos de currículo tivesse melhor nota a filosofia do que o Dr Santana cuja filosofia, como largamente se sabe, é outra. E depois este conseguiu o degredo definitivo do perigoso comunista que era na altura o Sr José Saramago, para uma inóspita e isolada ilha administrada por Espanha. Ao mesmo tempo que impedia, in extremis, que uma obra sua pudesse ser candidata a um qualquer prémio literário, nem que fosse nos jogos florais promovidos por uma junta de freguesia do interior por alturas dos santos populares.
Agora a câmara de Lisboa, senhora libertina, de meia idade, bem conservada, de formas robustas, sem próteses de silicone nas mamas, por muito que as mesmas lhe venham a ser apalpadas, abusivamente e a despropósito, por frequentadores nocturnos das vielas estreitas do Bairro Alto e dos bares à beira rio. Cujo aspecto, reconheça-se, o Dr Santana tudo tem feito para subverter-lhe, lambuzando-lhe as faces, removendo-lhe o rimel e, até, encurtando-lhe a fragrância do perfume. Espalhando cartazes, cada um com vinte metros quadrados, por tudo o que é sítio, como se fosse o Fântomas, a dizer: passei por aqui e, como o criminoso, hei-de voltar ao local do crime. E o que fez em cada um desses sítios? Não o digo naquele português que toda a gente entende, mesmo quando de seguida fica nervosamente enrubescida. Mas, quando muito, abriu um buraco, pôs uma grelha numa sarjeta, descerrou lápides no novo estádio da Luz.
Vem de lá, com dois anos de antecedência, o Dr Carrilho a perfilar-se na formatura para lhe disputar o lugar. Tenha calma, preocupe-se um pouco mais com a família e, nos intervalos, vá pensando num projecto para a cidade. Como todos exigem e como, para variar, todos prometem. E depois, para que nada varie, nenhuns cumprem! Ou só pretende afiambrar-se como os outros e atirar-se às mamas da D. Lisboa para lhas apalpar?
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