O problema de culinária
Aquilo que sempre me confundiu - mais do que a quotidiana confusão com que vive a minha condição de português! - foi o facto de, inesperadamente, grandes amizades serem terminadas sem razão aparente e sem explicações. Os amigos - é erro meu pensar assim, de certeza! - são para a vida. Mesmo que se diga que na política não há amizades mas apenas interesses, quando todos nós, eleitores e respectivos descendentes ainda sem direito a voto, sabemos desde a escola que há patriotismo e dedicação à causa pública e ao interesse comum.
Mas os desenlaces acontecem, como nos casamentos. Nestes o problema está em via de resolução e, avisadamente, os portugueses vão casando cada vez menos. Vão persistindo no namoro, experimentando todas as facetas da vida em comum e, se tudo correr bem, quando chegarem à idade da reforma, - mais tarde por causa da teima da Dra Manuela Leite! - casam-se pela igreja na presença vaidosa dos filhos e dos netos. Estão prontos para a extrema unção!
Grandes amizades públicas foram enterradas de repente. Quem já se esqueceu dos compadres, Drs Soares pai e Zenha, que deixaram de se falar, evitavam cruzar-se na rua e referiam-se um ao outro como se nunca tivessem estado próximos. Ou, mais recentemente, dos amigos de Peniche - com o devido respeito, ó terra do forte! - em que se transformaram os Drs. Monteiro e Portas. Tão amigos que eles eram, onde ia um já estava o outro, quando um falava já o outro ouvia.
De repente a coisa é publicamente esclarecida. Primeiro, num jornal, a mãe do Dr Portas elogia-lhe o jeito para a culinária e a mão para os temperos e diz que nunca viu quem fizesse um arroz como ele, branco, soltinho, seco, uma maravilha. Fiquei tranquilo por saber que, em caso de crise no alto mar, a bordo de qualquer corveta, a tripulação está a salvo: tem um ministro que percebe de cozinha. Mais, se tiver necessidades por lhe faltarem o emprego e os assessores, já o imagino a cantar em dueto, na queima das fitas, com o Sr. Quim Barreiros e a preparar pratos de bacalhau.
Nem de propósito uns dias depois, num outro jornal, vem o Dr Monteiro dizer que é um nabo e que não sabe fazer nada. Sim, sim, na culinária também! O máximo que consegue é abrir latas de sardinhas em conserva, importadas de Marrocos e abrir pacotes de batatas fritas compradas no Continente.
Fez-se luz! Como poderia ter prevalecido uma tal amizade, letalmente ferida por desigualdades de tão grande dimensão? Nunca o Dr Monteiro, com tão relevante lacuna no currículo, poderia aspirar a ser eleito de novo presidente do partido. Lixou-se e teve de fundar outro onde as exigências, que ele próprio definiu, são menores. Mas está a tempo de aumentar os seus conhecimentos, nunca é tarde para estudar e voltar a concurso. Se assim o entender, gratuitamente, indico-lhe a morada da Escola de Hotelaria do Porto e acompanho-o até à recepção. Para que se inscreva!
Mas os desenlaces acontecem, como nos casamentos. Nestes o problema está em via de resolução e, avisadamente, os portugueses vão casando cada vez menos. Vão persistindo no namoro, experimentando todas as facetas da vida em comum e, se tudo correr bem, quando chegarem à idade da reforma, - mais tarde por causa da teima da Dra Manuela Leite! - casam-se pela igreja na presença vaidosa dos filhos e dos netos. Estão prontos para a extrema unção!
Grandes amizades públicas foram enterradas de repente. Quem já se esqueceu dos compadres, Drs Soares pai e Zenha, que deixaram de se falar, evitavam cruzar-se na rua e referiam-se um ao outro como se nunca tivessem estado próximos. Ou, mais recentemente, dos amigos de Peniche - com o devido respeito, ó terra do forte! - em que se transformaram os Drs. Monteiro e Portas. Tão amigos que eles eram, onde ia um já estava o outro, quando um falava já o outro ouvia.
De repente a coisa é publicamente esclarecida. Primeiro, num jornal, a mãe do Dr Portas elogia-lhe o jeito para a culinária e a mão para os temperos e diz que nunca viu quem fizesse um arroz como ele, branco, soltinho, seco, uma maravilha. Fiquei tranquilo por saber que, em caso de crise no alto mar, a bordo de qualquer corveta, a tripulação está a salvo: tem um ministro que percebe de cozinha. Mais, se tiver necessidades por lhe faltarem o emprego e os assessores, já o imagino a cantar em dueto, na queima das fitas, com o Sr. Quim Barreiros e a preparar pratos de bacalhau.
Nem de propósito uns dias depois, num outro jornal, vem o Dr Monteiro dizer que é um nabo e que não sabe fazer nada. Sim, sim, na culinária também! O máximo que consegue é abrir latas de sardinhas em conserva, importadas de Marrocos e abrir pacotes de batatas fritas compradas no Continente.
Fez-se luz! Como poderia ter prevalecido uma tal amizade, letalmente ferida por desigualdades de tão grande dimensão? Nunca o Dr Monteiro, com tão relevante lacuna no currículo, poderia aspirar a ser eleito de novo presidente do partido. Lixou-se e teve de fundar outro onde as exigências, que ele próprio definiu, são menores. Mas está a tempo de aumentar os seus conhecimentos, nunca é tarde para estudar e voltar a concurso. Se assim o entender, gratuitamente, indico-lhe a morada da Escola de Hotelaria do Porto e acompanho-o até à recepção. Para que se inscreva!
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