Nunca quis ser deputado…

A principal razão porque nunca quis ser deputado foi pelo excesso de trabalho e pelo facto de, por deliberação do respectivo presidente, as horas extraordinárias não serem remuneradas. O cargo é mal pago, pouco mais de dez vezes o salário mínimo, e isto anda o Dr Almeida Santos a repetir, inutilmente como se pregasse aos peixinhos, há quase trinta anos. Sai-se tarde, às vezes entra-se pelas madrugadas e têm de suportar-se as invasões das galerias enquanto o presidente não manda que a polícia as evacue.
Depois é preciso legislar sobre tudo para que o país ande organizado e direito e seja o orgulho de cada um de nós. Como é! Para que seja o espelho da Europa, a que já é e a que há-se der. Fazer leis para tudo. Para permitir que os deputados vão em trabalho político para as Caraíbas ou para as Maldivas. Para que possam desdobrar viagens em classe executiva e levem as famílias. Para que sejam, por isso, acusados de falcatrua e para que o tempo faça prescrever tudo. Para serem condecorados no 10 de Junho e para irem ao S. João do Porto. Para legalizar e ilegalizar partidos políticos. Para lhes atribuir subsídios e para os obrigar à posse de contabilidades transparentes. Para os obrigar ao cumprimento das leis. E, especialmente, para permitir que as não cumpram. Sobre o que, ao menos, dá gosto ter conhecimento de que há unanimidade e de que todos se entendem!
Mas, para mim, era trabalho a mais. Até mesmo ao domingo teria que ir ao futebol, eu que nem sequer gosto de bola. Safa!
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial