26 de janeiro de 2004

Sei o que penso, mas como não sou só eu…

Um dos meus própositos é rir-me deste indescritível país que temos. Para evitar chorar, porque acabaria a não fazer mais nada. O absurdo e a ironia são das mais violentas formas de crítica, é uma convicção minha. Desde que se consiga atingi-los - o que é extraordinariamente difícil! - e desde que se consiga que sejam entendidos. O que por vezes resulta tão difícil como chegar-lhes.

Nunca acreditei muito no homem dos sete instrumentos: acaba por não ser virtuoso em nenhum. O máximo que vi até hoje, e mal, foi um quase sem abrigo percorrer as ruas do Porto, à procura de alguns níqueis, desancando sem descanso um tambor com uns pratos em cima e soprando raivosamente as palhetas de uma harmónica de boca. Já há tempos que deixei de o ver mas nunca me chegaram rumores de que tenha sido contratado para a Praça da Alegria ou para o Coliseu.

Sobre as ideias que tenho, em especial em relação à vaidade impiedosa, à sobranceria, à omnipresença e à quase omnisciência, sinto-me mais confortado, como se afinal não estivesse assim tão a leste da verdade, quando deparo por aí com coisas destas. Alguma humildade nunca fez mal a ninguém. O que faz mal é a humidade estúpida destes dias de invernia que não cessam!

Entretanto encomendei a uma amiga de peito a tradução deste "post" para grego. Por puro narcisismo. Prometeu-me tê-la pronta dentro de dez anos. Prometi-lhe estar habilitado a lê-la dentro de vinte, para que não julgasse o trabalho inútil. Vamos ambos a tempo. Até porque já ambos, no dia a dia, nos vemos gregos com milhentas situações!

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