27 de março de 2004

A criminalidade não aumentou. As pessoas é que se queixaram mais!

Esta manhã, talvez por estarmos ainda meio ensonados e por ser sábado, exultámos quando olhámos para a primeira página do Jornal de Notícias. Finalmente! Em alguma coisa o país crescia e se aproximava da Europa a quem, como toda a gente sabe, continuamos presos pelo beicinho. Assaltou-nos a ideia de sermos justos, nós que tanto criticamos tudo e todos. E se bastas vezes, nas mais variadas repartições públicas, solicitamos o livro de reclamações para denunciar o que funciona mal, seria agora de percorrer pelo menos as corporações de polícia e registar o incontido regozijo. Mas o aumento registado foi na criminalidade!

O governo tem na sua estrutura um ministério da administração interna. Mas o ministério, infelizmente, não tem um ministro, tem um fenómeno do Entroncamento. Mais propriamente um nabo que, sozinho, dará para todo o concurso da sopa dos ditos que o major Valentim dos ... de ... anualmente promove em Gondomar. Tanto assim que o aumento de mais de 23.500 crimes entre 2002 e 2003 não representa, em sua opinião, nenhum aumento de insegurança. Em boa verdade não houve mesmo nenhum aumento do número de situações criminosas, as pessoas é que se queixaram mais dos crimes.

Está visto que as pessoas se queixaram do mesmo crime mais que uma vez, muito provavelmente em diferentes esquadras de polícia. Com um dia de sol, o meio do mês já passado, o orçamento familiar pior do que o do Estado, o cidadão levanta-se, espreguiça-se e questiona-se sobre o que pode fazer com tão bom tempo. Almoçar fora não, por falta de dinheiro para a gasolina, ou para os transportes, para o frango assado, para as batatas fritas congeladas há dez meses. De repente ocorre-lhe! Há dois meses fui assaltado por um esqueleto armado de seringa, exigiu-me a carteira, fui apresentar queixa. Nunca mais me disseram nada. Vou dar um passeio e apresento queixa de novo. Foi isso, as pessoas queixam-se de tudo, quase sempre sem razão nenhuma, e reincidem! Já não se contentam em queixar-se uma vez e queixam-se várias. Como o ministro que se não limita a dizer uma mentira: repete-a até dignamente se convencer de que fala verdade!

As agressões a polícias aumentaram 40 por cento, muito acima da inflação e, ainda, muito mais acima dos aumentos que, nos dois últimos anos, a ministra das finanças esbanjou com os funcionários públicos. Mas o híbrido de ministro assegura ter-se cansado de querer regenerar todos com palavras doces e palmadinhas nas costas. E ameaça que terminou o tempo da desautorização das forças policiais, das hesitações e das ambiguidades.

Haja Deus! Olha se não tinha terminado?

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