3 de março de 2004

A crise é maior para uns que para outros

O conhecido grupo EDP divulgou as suas contas, relativas ao ano de 2003, atravessado pela bruma constante da crise, como o governo disse aos professores do ensino básico que deveriam ensinar às inocentes criancinhas do país. O grupo EDP, como se sabe, é um feroz monopólio que utiliza métodos do presidente da câmara do Marco de Canavezes. O consumidor, ou cliente como eles insistem em chamar-lhe, não tem alternativa. Não pode ir comprar a electricidade à mercearia do lado nem pode sequer escolher alternativa.

No ano de 2003 os lucros da EDP aumentaram 13,7 por cento, muito acima da taxa oficial de inflação e, segundo queremos acreditar, um bocado acima dos aumentos que, durante o mesmo ano, asseguraram aos seus trabalhadores. Isto quer dizer que, em números absolutos, os lucros de 2002 foram superiores a 67 milhões de contos e os de 2003 ultrapassaram os 76 milhões.

Para que estes números de anormal dimensão possam ser um pouco melhor entendidos, tomando como base o salário mínimo em vigor para o ano em curso, no valor de cerca de 73 contos mensais, os lucros de 2002 dariam para pagar, durante um ano, a mais 76.000 pessoas e os de 2003 a quase 87.000.

Uma única e simples conclusão, supomos, pode extrair-se. A crise nem sempre atinge todos e, regra geral, atinge muito menos aqueles que mais se queixam. Não vale a pena estarmos a fazer conjecturas sobre este assunto. Mas vale seguramente a pena estarmos atentos à divulgação dos resultados de outras conhecidas empresas. Apenas para lhes manifestarmos a nossa sentida solidariedade.

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