1 de abril de 2004

Regresso de Santiago

Ao segundo dia subo do Alentejo, de regresso ao Porto. Mais propriamente de Santiago do Cacem. O Alentejo tem para mim o superior encanto de se abrir a porta e se ficar pasmado de frente para o horizonte. Em Santiago, depois disso, até o mar fica logo além, com umas chaminés interpostas por mão humana. E a cidade tem um fascínio sólido, sem capitulação, a começar por Miróbriga.

Em Santiago, a mim, todas as ruas me cheiram a flor de laranjeira e o largo é ainda e cada vez mais o centro do mundo. Mesmo sob a canícula insana do Verão não ouço o canto arrastado das cigarras nem o chilreio estridente dos pássaros, quietos, adormecidos para a sesta em ramos altos. Para mim, no largo, tudo é Manuel da Fonseca, carregado de ideias e de conversa lenta, balançando a cabeça e resistindo ao sono.

Trago comigo apenas uma inquietação. Não é o facto do cemitério estar alojado adentro das muralhas do castelo, como já referiu este vizinho. Não! Se há coisa que não falta ao Alentejo é horizonte e terra. Então porque não há um cemitério novo? Porque se levam os mortos de Santiago a enterrar à Aldeia de Santo André? Porque são afastados da terra a que deram tudo, até à derradeira hora? Não o merecem! É-lhes devido o respeito de ficarem em casa, junto aos seus!

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