3 de agosto de 2004

A deslocalização

Pobre, teimoso e conservador teimo em socorrer-me de um Dicionário da Língua Portuguesa, 6ª. edição, da Porto Editora sempre que tenho dúvidas. E tenho-as muitas vezes! Desmancha-prazeres, persistente e não convencido embirro solenemente com o termo deslocalização e, invariavelmente, fico sem saber aquilo que de facto significa. Por mais que o ouça dito por políticos ou veja escrito nos jornais. Frustrado e, apesar de tudo, teimoso, lá puxo do estafermo do dicionário e me certifico, uma vez mais, que o termo não consta das suas páginas. Mas adiante: de certeza que isso é defeito meu e velhice do alfarrábio!

Castelo de LeiriaVem isto a propósito daquilo a que o governo e os jornais chamam deslocalização das secretarias de estado e das posições imbecis que o facto, graças a Deus, já por aí fora vem suportando. Pasme-se, por exemplo, que em Leiria - uma quinta que desde a idade média é dominada pelos partidos políticos actualmente ditos da maioria! - a comissão política distrital do Partido Socialista emitiu um comunicado a salientar que o distrito foi esquecido pelo governo no processo de deslocalização das secretarias de estado. Em que, para mais, afirma que se existisse por parte do Governo uma efectiva vontade descentralizadora e não apenas uma preocupação de fazer demagogia e política/espectáculo, Leiria teria sido contemplada com a instalação de uma das novas secretarias de Estado que o governo "espalhou" pelo país. É evidente a baixa consideração que o Governo tem pela região, que maioritariamente lhe confiou o seu voto, devido à fraca influência e incapacidade reinvindicativa dos dirigentes regionais e locais do PSD.

Quer dizer, a dupla PSD/CDS é maioritária no distrito, situação que assim é desde o nascimento da irmã Lúcia e das aparições da Cova da Iria. Poderia, nessa condição ter-se queixado ao primeiro-ministro: V. Exa. não gosta suficientemente da região, não aprecia o castelo e nunca, de certeza, foi à Marinha Grande ver como se molda o vidro. Mais! arriscamo-nos a dizer que V. Exa. não imagina como se fabrica um balde de plástico e nenhum dos seus assessores lhe falou na indústria de moldes. Não sabe onde ficam os Marrazes e nunca apreciou as entradas do Tromba Rija, com o devido respeito. Mas, mesmo assim, poderia V. Exa. ter deslocalizado para aqui uma qualquer secretaria de Estado: a dos plásticos, a das aparições ou até mesmo a do copo de três, desde que em vidro. Sempre isso nos dava mais uma notícia nos jornais e cinco segundos de antena nas televisões. Ao invés, V. Exa. faz o jogo da oposição. Rebelde, laica, revolucionária e anti-Cristo.

Mas não precisa a autarca Isabel Damasceno de fazer nada disto: a organização local do Partido Socialista fá-lo por ela. E diz, solene e grave, que o faz devido à fraca influência e incapacidade reinvindicativa dos dirigentes regionais e locais do PSD. Não poderia o PS ter-lhes aconselhado a passagem pelo centro de saúde e ter solicitado a um médico interno não aderente à greve que lhes prescrevesse tratamentos à base de Viagra? A ver se lhes aumentava a capacidade?

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