13 de outubro de 2004

A ignorância do macaco

A salvação do serviço nacional de saúdeTento conciliar - e compreender! - o facto do Ministério da Saúde anunciar que espera empresarializar - palavra cujo significado não conheço e para o qual não há dicionário que me ajude - mais 30 hospitais até 2006 com o facto do Grupo Mello manifestar o desejo de metade do serviço nacional de saúde estar nas mãos de privados até 2010. Estamos disponíveis para salvar o sector da saúde, introduzindo-lhe maior competitividade, foram as palavras de Salvador de Mello durante um almoço com jornalistas.

Um salvador, obviamente, só pode salvar seja o que for que o destino lhe faça cair em mãos. Por mim não elegia, por mim nomeava um salvador para cada lugar e para cada coisa, precisasse ou não de ser salva. Mesmo contra sua vontade, se esse fosse o caso e a GNR tivesse efectivos para isso, mesmo que regressados do Iraque. Para a junta de freguesia, a assembleia municipal, a vereação, o parlamento e o Estoril Praia que José Veiga acaba de trocar por libras esterlinas, ao arrepio da moeda única.

E aumentava a competitividade salvando mais depressa, mais barato, sete dias por semana, com recurso ao trabalho precário, aos contratos a termo, às horas extraordinárias voluntariamente impostas e livremente não remuneradas e utilizando o "outsourcing" - outra puta de palavra que só é gíria na quinta dos ramelosos -, o ácido acetilsalicílico e o bisturi eléctrico. Sobrando energias, porque tanta solidariedade também cansa, mandava levantar uma estátua gigante ao salvador na outra margem, em Almada, quatro vezes mais alta do que o Cristo Rei. Porque salvador e benemérito nunca foram tão sinónimos!

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