26 de janeiro de 2005

Transparência

De acordo com o número 2 do Artigo 10º da Constituição da República:

Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política.

É suposto que o seu contributo, monopolista e pago - porque cada voto, por vontade dos eleitos, vale cerca de 500 escudos! - , será assegurado de forma cívica e patriótica, sem nada a esconder, como organizações de bem de que os portugueses, militantes ou não, se possam orgulhar.

É por isso que o CDS/PP nos apresenta este endereço, encerrado para obras, sem nenhuma indicação do período de tempo que as mesmas durarão? É ainda por isso que o mesmo partido, que cola a competência pelas paredes do país sobrepondo-lhe a fotografia do querido líder, dispõe de outro endereço? É por isso que neste endereço o partido não disponibiliza estatutos, contas anuais ou moradas de sedes e delegações? É por isso que se não referem os candidatos a deputados nas próximas eleições, se não relevam iniciativas ou actividades do grupo parlamentar dissolvido, se não dá história de resultados eleitorais anteriores. De que ao menos constem as sucessivas vitórias do senador Avelino Ferreira Torres, nas eleições autárquicas e no estádio do Marco de Canavezes, por impulso regionalista também baptizado de Avelino Ferreira Torres.

É por isso ainda que se não menciona o governo já anunciado, nem a respectiva composição? E será que o partido apenas se dispõe a formar governo desde que obtenha os mesmos 5,5% (resultado do número de votos obtidos pelo CDS a dividir pelo número de eleitores inscritos, multiplicado por cem) do eleitorado como no acto eleitoral de 2002? São folhetos com todos estes elementos que o querido líder vai distribuir, conjuntamente com beijos e lambuzadelas, por feiras, mercados e docas, incluindo a de Matosinhos? Conjuntamente com uma fatia de broa com uma sardinha acabada de assar em cima?

A este tipo de democracia, constitucionalmente consagrada, deve chamar-se musculada, virtual, negligente, mentirosa ou trapaceira? Suportada pelo método de Hondt e pela limitação do número de mandatos unanimemente defendida por tudo o que é força política? E onde a política, afinal, não tem força nenhuma? Excluindo os casos legítimos em que os eleitos se proclamem vitalícios, mesmo contra a vontade de todas as organizações. Porque a vontade do eleitor se esgota no acto solene de enfiar um boletim, dobrado em quatro, num tosco caixote de madeira ordinária! Porque o voto foi com pre-pagamento como os telemóveis? Depois de ter sido comida a fatia de broa e a sardinha acabadinha de assar?

2 Comentários:

Às 10:14 da tarde , Blogger L disse...

Bem achado! Bem dito!

 
Às 9:48 da tarde , Blogger mfc disse...

No debate Portas/Jer+ónimo, PP confessou não ter ainda programa eleitoral!!!
Mas já tem ministros sombra!
Daria para rir se não fosse trágico.

 

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