Revolucionário XXI
Pronto, estou quase convencido sobre o que melhor serve o futuro do país e que, naturalmente, mais depressa conduzirá à minha tão ansiada felicidade permanente. Quer na vida eterna, mesmo sem ser maometano, com direito a setenta virgens e até mesmo nesta, terrena demais, com direito a outras quarenta. Fica-me por saber como será realizado o concurso - agora, não sei se já repararam, nos jornais escrevem "procedimento" - ou se será por ajuste directo e depois onde é que o fornecedor se vai desenrascar. Mas isso é problema dele e é problema menor, comparado com a felicidade por que espero desde que, com a providencial ajuda dos garbosos oficiais de sua majestade a rainha de Inglaterra, os atrapalhados soldados de um general corso de meio metro de altura e mão sempre metida na braguilha, viraram a cara à ocupação, deixaram ver as fardas rotas no cu e se meteram, de regresso, a caminho dos Pirinéus.
Depois de saber que o Dr. Portas é o revolucionário do século XXI, - assim um género de dirigente máximo, infalível e omnisciente da Política XXI - assentei os pés no chão e convenci-me, de vez, que percorremos atalhos de um novo século de prosperidade há já cinco anos. Tenho andado distraído e nem sequer tenho reparado que o sociólogo Dr. Boaventura abandonou de vez a inspiração poética e se limita a ir aos congressos dos pobres, a Davos, para discutir o seu - deles! - futuro e decidir em que investimentos que lhes proponha o Dr. Cadilhe hão-de aplicar as suas crescentes economias. Apenas um contra, ligeiro, que na próxima noite cederá certamente a uma decente dose de xanax. Passei a noite anterior a sonhar com o Dr. Portas e a sua irresistível figura de revolucionário - o que, louvado seja Deus, me não causou nenhuma erecção! - com barba rala e comprida, de boina, confundindo-se com Che Guevara, como se fosse uma t-shirt trazida de uma viagem às Caraíbas. Montado num tanque russo recuperado das guerras no médio oriente, assumindo o comando e entrando triunfalmente no bairro da Boavista, a nova capital da ditadura democrática do proletariado. Imponente no orgulho, demolidor no metro e sessenta de estatura, consciente da sua missão de inspiração divina. Também com direito a muitas virgens, tanto cá como lá!
Bastava, mas às vezes a imprevisível sorte é muito mais pródiga connosco do que o euromilhões. O Dr. Santana, também ele, acaba a sair-se muito melhor do que nos confrontos com o Dr. Pôncio, sobre o jogo da bola, na televisão de serviço público. Adverte-me que aquele grego que é secretário-geral do PS e candidato a deputado afinal, o grande sacana, anda a enganar os pobrezinhos todos com aquela merda do rendimento mínimo que o Francisco, num vão da madrugada, bêbado como uma cacho, me diz não lhe chegar sequer para a cerveja que está mais cara do que a gasolina de 98 octanas. E que o faz apenas para o branqueamento da consciência e, se calhar, de capitais que não se sabe nem onde, nem como foram ganhos. Porque depois, à sorrelfa, vai fazer privatizações por ajuste directo, atribuir a gestão dos hospitais a um grupo de ricos, diminuir a carga fiscal aos lucros da banca, entregar a exploração da água da chuva a um grupo ambientalista, permitir a construção de torres com trinta e cinco andares à beira Tejo, até ao Bugio e deixar todas as suiniculturas na mão de quem estão.
Acho que o Dr. Louçã perdeu tempo a estudar a enciclopédia que enumera tudo quanto fez, em quatro meses, o Dr. Santana, incluindo as poucas horas de sono e as patuscadas com os amigos nos confortáveis aposentos de S. Bento. O discurso deste arrasou-lhe o estudo e as intenções. Se estivesse no seu lugar ia deitar os papéis velhos num ecoponto, enrolava as bandeiras e sentava-me num banco da avenida a ler os anúncios de emprego do Diário de Notícias e as sensatas crónicas sobre a síndrome da erudição subscritas pelo também revolucionário Luís Delgado. Jerónimo de Sousa, esse, poderá assegurar que afinal o muro de Berlim continua de pé, informar o camarada Bernardino que a Coreia de cima é uma transparente democracia, garantir que Estaline está no céu, em relevante lugar que lhe reservou o protocolo celestial, onde é mais venerado do que os pastorinhos de Fátima. Só não pode correr a levar a boa nova ao Dr. Cunhal porque um rebate de consciência lhe amplificará as dúvidas como colunas de som de 50.000 watts: porra, afinal a revolução bolchevique serviu para quê?
Depois de saber que o Dr. Portas é o revolucionário do século XXI, - assim um género de dirigente máximo, infalível e omnisciente da Política XXI - assentei os pés no chão e convenci-me, de vez, que percorremos atalhos de um novo século de prosperidade há já cinco anos. Tenho andado distraído e nem sequer tenho reparado que o sociólogo Dr. Boaventura abandonou de vez a inspiração poética e se limita a ir aos congressos dos pobres, a Davos, para discutir o seu - deles! - futuro e decidir em que investimentos que lhes proponha o Dr. Cadilhe hão-de aplicar as suas crescentes economias. Apenas um contra, ligeiro, que na próxima noite cederá certamente a uma decente dose de xanax. Passei a noite anterior a sonhar com o Dr. Portas e a sua irresistível figura de revolucionário - o que, louvado seja Deus, me não causou nenhuma erecção! - com barba rala e comprida, de boina, confundindo-se com Che Guevara, como se fosse uma t-shirt trazida de uma viagem às Caraíbas. Montado num tanque russo recuperado das guerras no médio oriente, assumindo o comando e entrando triunfalmente no bairro da Boavista, a nova capital da ditadura democrática do proletariado. Imponente no orgulho, demolidor no metro e sessenta de estatura, consciente da sua missão de inspiração divina. Também com direito a muitas virgens, tanto cá como lá!
Bastava, mas às vezes a imprevisível sorte é muito mais pródiga connosco do que o euromilhões. O Dr. Santana, também ele, acaba a sair-se muito melhor do que nos confrontos com o Dr. Pôncio, sobre o jogo da bola, na televisão de serviço público. Adverte-me que aquele grego que é secretário-geral do PS e candidato a deputado afinal, o grande sacana, anda a enganar os pobrezinhos todos com aquela merda do rendimento mínimo que o Francisco, num vão da madrugada, bêbado como uma cacho, me diz não lhe chegar sequer para a cerveja que está mais cara do que a gasolina de 98 octanas. E que o faz apenas para o branqueamento da consciência e, se calhar, de capitais que não se sabe nem onde, nem como foram ganhos. Porque depois, à sorrelfa, vai fazer privatizações por ajuste directo, atribuir a gestão dos hospitais a um grupo de ricos, diminuir a carga fiscal aos lucros da banca, entregar a exploração da água da chuva a um grupo ambientalista, permitir a construção de torres com trinta e cinco andares à beira Tejo, até ao Bugio e deixar todas as suiniculturas na mão de quem estão.
Acho que o Dr. Louçã perdeu tempo a estudar a enciclopédia que enumera tudo quanto fez, em quatro meses, o Dr. Santana, incluindo as poucas horas de sono e as patuscadas com os amigos nos confortáveis aposentos de S. Bento. O discurso deste arrasou-lhe o estudo e as intenções. Se estivesse no seu lugar ia deitar os papéis velhos num ecoponto, enrolava as bandeiras e sentava-me num banco da avenida a ler os anúncios de emprego do Diário de Notícias e as sensatas crónicas sobre a síndrome da erudição subscritas pelo também revolucionário Luís Delgado. Jerónimo de Sousa, esse, poderá assegurar que afinal o muro de Berlim continua de pé, informar o camarada Bernardino que a Coreia de cima é uma transparente democracia, garantir que Estaline está no céu, em relevante lugar que lhe reservou o protocolo celestial, onde é mais venerado do que os pastorinhos de Fátima. Só não pode correr a levar a boa nova ao Dr. Cunhal porque um rebate de consciência lhe amplificará as dúvidas como colunas de som de 50.000 watts: porra, afinal a revolução bolchevique serviu para quê?
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