O desbaste
Com a campanha eleitoral os colos que por aí mais abundam são de natureza política. Dispenso-os! Acolho-me a um regaço que me sirva algum entretenimento e consiga divertir-me alguma coisa: a vida está difícil, o ordenado curto, a retoma só chegou aos lucros da banca. Sintonizo a TSF onde lamento que o Sr. Jorge Perestrelo não possa ocupar toda a emissão, de 24 horas por dia, com entusiasmados e sabedores relatos da bola. Contento-me com uma coisa a que chamam fórum, no qual as pessoas podem participar desde que se inscrevam previamente, se disponham a perder uma hora agarradas ao telefone e vejam a chamada cair três vezes. O que ainda é pouco porque num programa que visa o entretenimento não se podem admitir participantes que pensam ser sempre sérias todas as palavras que dizem, mesmo quando repreendem os filhos ou ouvem o sermão do púlpito abaixo.
A capacidade de fazer rir não é um atributo inato, uma coisa que nasce com a pessoa, perfeitamente individual e inconfundível como o ADN. É uma qualidade que se trabalha, que se treina, que se procura melhorar. Se assim não fosse, cada remate do Eusébio teria resultado em golo, mesmo que direccionado para além dos limites da baliza, ainda que embatesse nos postes, mesmo que agarrado pelo guarda-redes. Por isso fazer rir é tarefa de profissionais como o Sr. Raul Solnado e vejam que, mesmo ele, só foi capaz de o conseguir à custa da guerra de 1914-18 quase cinquenta anos depois.
Serve isto para dizer que as melhores piadas são sempre dos convidados, aqueles que se fincam à política no cumprimento de uma divina inspiração, no denodado afã de serviram desinteressadamente o bem público e a comunidade. Que Deus lhes pague!
O de hoje começou logo por ouvir dois relevantes dirigentes do PSD e do PS, cujos nomes não retive, o que é perfeitamente dispensável. Acontece-me quase sempre: quando o palhaço me faz rir até às lágrimas é certo e sabido que lhe não aprendo o nome nem fotografo as feições pintalgadas de farinha. Ambos hoje falaram no debate político previsto para esta noite e nos candidatos às eleições para o cargo de primeiro-ministro. Deixaram-me excitado, impaciente, ansioso. Porque aquilo a que estou habituado é a eleger o presidente da junta de freguesia, o presidente da câmara, uns deputados que não conheço e de que nem sei o nome e o presidente da república.
De forma que este apontamento fica aqui afixado como intervenção única durante o dia de hoje. De resto, entro em estágio como a equipa do Futebol Clube do Porto antes de receber o Sporting de Braga. Para me documentar e para me mentalizar para a vitória. Vou correr à procura da legislação que regula tais eleições e que, de todo, desconheço. Até porque, como se sabe, o desconhecimento da lei nunca aproveita ao infractor. Vou estudá-la, vou preparar-me para assistir ao debate com a mesma concentração que se exige a quem marca a penalidade por cima da barra. Vou tomar apontamentos, vou estar atento, vou ser tão bom aluno como para si reclamava o professor Cavaco.
No fórum, estúpida e ignorantemente, os intervenientes da inscrição continuam a falar em propostas objectivas. Alguns insistem mesmo em que os jornalismos sejam também eles profissionais, e imponham eles aos tais candidatos a sua vontade e a sua lei. Não permitam que se enredem em respostas vazias e sem sentido, comparando toucinho com velocidade. Não têm nenhum sentido de humor os eleitores portugueses. O que seria deles sem os políticos que os dirigem?
A capacidade de fazer rir não é um atributo inato, uma coisa que nasce com a pessoa, perfeitamente individual e inconfundível como o ADN. É uma qualidade que se trabalha, que se treina, que se procura melhorar. Se assim não fosse, cada remate do Eusébio teria resultado em golo, mesmo que direccionado para além dos limites da baliza, ainda que embatesse nos postes, mesmo que agarrado pelo guarda-redes. Por isso fazer rir é tarefa de profissionais como o Sr. Raul Solnado e vejam que, mesmo ele, só foi capaz de o conseguir à custa da guerra de 1914-18 quase cinquenta anos depois.
Serve isto para dizer que as melhores piadas são sempre dos convidados, aqueles que se fincam à política no cumprimento de uma divina inspiração, no denodado afã de serviram desinteressadamente o bem público e a comunidade. Que Deus lhes pague!
O de hoje começou logo por ouvir dois relevantes dirigentes do PSD e do PS, cujos nomes não retive, o que é perfeitamente dispensável. Acontece-me quase sempre: quando o palhaço me faz rir até às lágrimas é certo e sabido que lhe não aprendo o nome nem fotografo as feições pintalgadas de farinha. Ambos hoje falaram no debate político previsto para esta noite e nos candidatos às eleições para o cargo de primeiro-ministro. Deixaram-me excitado, impaciente, ansioso. Porque aquilo a que estou habituado é a eleger o presidente da junta de freguesia, o presidente da câmara, uns deputados que não conheço e de que nem sei o nome e o presidente da república.
De forma que este apontamento fica aqui afixado como intervenção única durante o dia de hoje. De resto, entro em estágio como a equipa do Futebol Clube do Porto antes de receber o Sporting de Braga. Para me documentar e para me mentalizar para a vitória. Vou correr à procura da legislação que regula tais eleições e que, de todo, desconheço. Até porque, como se sabe, o desconhecimento da lei nunca aproveita ao infractor. Vou estudá-la, vou preparar-me para assistir ao debate com a mesma concentração que se exige a quem marca a penalidade por cima da barra. Vou tomar apontamentos, vou estar atento, vou ser tão bom aluno como para si reclamava o professor Cavaco.
No fórum, estúpida e ignorantemente, os intervenientes da inscrição continuam a falar em propostas objectivas. Alguns insistem mesmo em que os jornalismos sejam também eles profissionais, e imponham eles aos tais candidatos a sua vontade e a sua lei. Não permitam que se enredem em respostas vazias e sem sentido, comparando toucinho com velocidade. Não têm nenhum sentido de humor os eleitores portugueses. O que seria deles sem os políticos que os dirigem?
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