Confrarias de artes e ofícios
O país tem desde sábado passado, segundo me disseram, um novo governo. Para aí o 847º desde a proclamação da independência, excluindo os períodos de ocupação dos Filipes e das guerras miguelistas. É claro que depois de tantas equipas ninguém espera que o capitão conduza esta à vitória, inspire um novo poema épico como Os Lusíadas ou evite a primeira decisão sensata tomada no Largo do Caldas nos últimos trinta anos, empacotando o retrato do professor Freitas do Amaral e expedindo-o pelos correios como se fosse uma encomenda-bomba.
Mas, de qualquer modo, fica bem prometer muitas coisas sem nenhum custo, desde o paraíso pejado de virgens às dezenas esperando pela sua primeira vez até à felicidade plena, ao emprego bem remunerado para todos, ainda por cima com isenção total de impostos. Sendo assim parece que no discurso de posse o novo primeiro-ministro prometeu colocar os medicamentos de venda livre noutros locais além das farmácias e realizar um referendo sobre a constituição europeia - que ninguém sabe o que é! - conjuntamente com as eleições autárquicas do próximo mês de Outubro.
Caiu o Carmo e a trindade e se mais não caiu foi porque mais nada havia para cair. Sobre a hipótese da aspirina ser vendida na tradicional mercearia da esquina ou sobre a possibilidade de adquirir supositórios para a tosse num posto de abastecimento de combustíveis, logo formaram as diversas confrarias das artes e ofícios, marchando com destino ao largo dos ferradores e integrando mercadores, correeiros, caldeireiros, almocreves e farmacêuticos.
Pela primeira vez em tantos governos conforta sentir que a corporação dos farmacêuticos está, desinteressadamente, ao serviço da comunidade, dos doentes e daqueles que nem dinheiro têm para comprar as batatas na mercearia e que não precisam da gasolina de 98 octanas para nada. Tanto estávamos habituados a ver um alvará para a abertura de uma farmácia como um passaporte para a fortuna que nunca lhe antecipámos o mecenato e a filantropia. Mas tem a corporação que perceber que a globalização é isto tudo, mais as opiniões do Dr. Garcia Pereira e a viagens do professor Boaventura à volta do mundo, viajando em classe executiva, a bem da extinção da pobreza e da subnutrição infantil em África.
Os correios, por exemplo, passaram a vender selos como um produto residual e é para ocupar pessoal velho e excedentário que ainda transportam e distribuem correspondências, mal, pelo domicílio. De forma mais moderna passaram a servir cafés e a vender intragáveis queques prefabricados, a divulgar a erudita literatura da D. Margarida Rebelo Pinto e a promover provas pedestres para ministros e presidentes da república. Enquanto encaram a possibilidade de admitir licenciados politicamente competentes que possam promover o negócio dos detergentes para a louça e do papal higiénico para o evidente. Ao mesmo tempo que publicam anúncios de página inteira nos jornais diários ,onde se afirmam como os melhores do mundo que vai da Rua de S. José ao Largo da Anunciada.
Mas, de qualquer modo, fica bem prometer muitas coisas sem nenhum custo, desde o paraíso pejado de virgens às dezenas esperando pela sua primeira vez até à felicidade plena, ao emprego bem remunerado para todos, ainda por cima com isenção total de impostos. Sendo assim parece que no discurso de posse o novo primeiro-ministro prometeu colocar os medicamentos de venda livre noutros locais além das farmácias e realizar um referendo sobre a constituição europeia - que ninguém sabe o que é! - conjuntamente com as eleições autárquicas do próximo mês de Outubro.
Caiu o Carmo e a trindade e se mais não caiu foi porque mais nada havia para cair. Sobre a hipótese da aspirina ser vendida na tradicional mercearia da esquina ou sobre a possibilidade de adquirir supositórios para a tosse num posto de abastecimento de combustíveis, logo formaram as diversas confrarias das artes e ofícios, marchando com destino ao largo dos ferradores e integrando mercadores, correeiros, caldeireiros, almocreves e farmacêuticos.
Pela primeira vez em tantos governos conforta sentir que a corporação dos farmacêuticos está, desinteressadamente, ao serviço da comunidade, dos doentes e daqueles que nem dinheiro têm para comprar as batatas na mercearia e que não precisam da gasolina de 98 octanas para nada. Tanto estávamos habituados a ver um alvará para a abertura de uma farmácia como um passaporte para a fortuna que nunca lhe antecipámos o mecenato e a filantropia. Mas tem a corporação que perceber que a globalização é isto tudo, mais as opiniões do Dr. Garcia Pereira e a viagens do professor Boaventura à volta do mundo, viajando em classe executiva, a bem da extinção da pobreza e da subnutrição infantil em África.
Os correios, por exemplo, passaram a vender selos como um produto residual e é para ocupar pessoal velho e excedentário que ainda transportam e distribuem correspondências, mal, pelo domicílio. De forma mais moderna passaram a servir cafés e a vender intragáveis queques prefabricados, a divulgar a erudita literatura da D. Margarida Rebelo Pinto e a promover provas pedestres para ministros e presidentes da república. Enquanto encaram a possibilidade de admitir licenciados politicamente competentes que possam promover o negócio dos detergentes para a louça e do papal higiénico para o evidente. Ao mesmo tempo que publicam anúncios de página inteira nos jornais diários ,onde se afirmam como os melhores do mundo que vai da Rua de S. José ao Largo da Anunciada.
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