1 de abril de 2005

Pode lá ser?

Socorrendo-me da memória, creio ter ouvido ontem por aí que as organizações e os empresários ligados ao sector do turismo se queixavam da redução do número de turistas no decurso do ano passado. Tentando ser sensato, afastei desde logo quaisquer responsabilidades que o extinto ministério de Telmo Correia ou a secretaria de estado que foi degredada para o sotavento algarvio pudessem ter na questão. Embora superiormente dirigidos, sendo gente capaz como se não cansou de dizer o seu educador-mor, quase não tiveram tempo para adquirir, por ajuste directo, os automóveis de serviço a que tinham direito ou receber das respectivas instituições os cartões de crédito e os correspondentes códigos secretos. Quanto mais influenciar o fluxo turístico que, se assim fosse, apenas poderia ter crescido.

Mesmo assim sendo, porque a César se deve entregar o que é dele e o que pertence ao vizinho, como se César fosse o ministério das finanças, de certeza que também se não pode culpar a gestão do sector. O país pulula de gestores: doutorados, mestres, licenciados ou simples curiosos como o Tino de Rans. Exceptuando a Lili Caneças que, fazendo hoje 61 anos aí pela vigésima vez, figura na comunicação social séria como exercendo a profissão de "colunável". O país tem excesso de quadros, faltam-lhe é empresas que eles possam tornar rentáveis para fazer felizes os respectivos accionistas. Os centros de emprego fazem esperar filas de licenciados desesperados, estendendo-se pelos vãos de escada, aspirando a qualquer lugar compatível, mesmo precário, como entregar pizzas ao domicílio ou fritar batatas nas lojas dos Mc Donald's. Mas não vêem acotovelar-se trolhas e picheleiros, carregando a marmita e a caixa de ferramentas, prontos a dar início às obras que o presidente da câmara sonhou para a Avenida dos Aliados, ajudado pelos honorários dos arquitectos Siza e Moura e pelo degredo dos canteiros de flores algures para a Corticeira.

O que acho é que, definitivamente, são infundados os lamentos e deturpados os indicadores estatísticos em que se apoiam. Porque o ano passado foi o glorioso ano do Euro 2004. Que apenas não ganhámos porque os sacanas dos gregos não souberam reconhecer a subida honra que lhes reservámos, deixando-os jogar duas vezes connosco por meras questões de preservação histórica. Mas quanto ao sucesso do acontecimento nada o pode contestar e o sucesso do engenheiro Belmiro não tem nada a ver com a química que aprendeu na escola mas muito apenas com o ganho que lhe trás a venda dos legumes nas lojas do Continente. Sintetizando, o sucesso apenas se mede pelo lucro, como faz a banca, cuja progressão é modesta, embora na casa dos dois dígitos.

Quanto a isso, a UEFA não se queixou. Os proveitos eram dela, os custos eram do país, de pé ficava um qualquer lugar para o incansável Madail, com deslocações frequentes a Genebra, em lugar de executiva e alojamento em adequado hotel de cinco estrelas. Para o confirmar aí está à mão de semear, de barba aparada e discurso solto, embora trôpego, o mesmo Madail. O Euro trouxe-nos, só ele, 500.000 visitantes, de bolsos ainda cheios, mesmo depois de terem pago os bilhetes a preços que assustariam o próprio José Castelo Branco. Gastaram-no essencialmente em cerveja, alguns compraram garrafas de vinho do Porto, os preservativos distribuíram-lhos gratuitamente, as quecas foram por amor. Mas, não sendo os turistas de pé descalço como os que temia Nandim de Carvalho, semíticos e sovinas, souberam sempre retribuir às parceiras - ou parceiros, que também se cá gasta! - com prendas de valor. O Dr. Madail que já está habituado a falar para as câmaras de televisão, não poderia vir corrigir a notícia? Exemplificando até com a plena utilização a que, mesmo depois do Euro 2004, tem estado sujeito o formoso Estádio do Algarve?

1 Comentários:

Às 8:16 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Long time no post!???

Uma fã.

 

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