Largar de novo
Tão longo foi o caminho que me trouxe até aqui que já nem sei bem quanto foi enviesado nem que obstáculos teve que vencer. Para mais sabendo-me, como sei, parco daquela persistência que nos leva a dar a volta ao mundo e a descobrir novas praias. Agora, com a tua imagem rente aos meus olhos e a melodia das tuas palavras a marcar o ritmo dos meus passos, tudo é um milagre, uma festa num salão onde se dança uma valsa vienense. Quanto tempo passado, quantos desenganos, quanta esperança deixada cair com as folhas do calendário. Quantos anos bissextos!
Sabe-se
sempre como se vai começar, nunca se sabe como acabam e onde nos vão levar as
diligências encetadas. À partida o horizonte é sempre de esperança que muitas
vezes se perde no caminho, cede ao cansaço, alimenta o desânimo, exige outro
recomeço. A desistência é muitas vezes uma sedução a que é preciso resistir. Se
tanto te procuro, se tão grande é o desejo de sucesso, maior ainda tem que ser
a vontade para encontrar-te, não sei em que recanto de um país desconhecido.
Aguardar pelos resultados, perder a calma, desesperar. Persistir.
Depois a alegria contida, entender que, de facto, tudo vale a pena se a alma não é pequena, como se comigo morassem a inspiração e a grandeza do poeta que nos legou o poema e a mensagem. Sentir-me rejuvenescer, voltar a ser a criança de sempre, reviver o passado, recomeçar a vida no momento onde ela se perdeu. Sentir pender-me da face, de novo, o olhar esverdeado da esperança que fora deixando pelo caminho. Voltar a acreditar, procurar vento de feição, enfunar as velas. Zarpar, largar de novo. Já era tempo!
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