Era o que faltava! Então não se pode fazer um jeito a um amigo?
Toda a gente sabe que o regime em Portugal é uma democracia parlamentar! Então isso não está chapado na Constituição? Desde 1976 quando o país caminhava para o socialismo, mesmo antes do Dr. Soares se chatear e, sem explicações, o ter metido na gaveta? O professor Jorge Miranda, sabedor e diligente, tem-se esfalfado a explicá-lo aos muitos alunos que lhe foram passando pelas mãos. E, ainda, à parte do país que lhe dedica alguma atenção e se dispõe a ouvir e a aprender alguma coisa com o que ele diz. O professor Marcelo, a par com os sucessos literários da Margarida Rebelo Pinto e com o guia dos vinhos da região do oeste, não se cansa de o salientar nos seus sermões de domingo à noite. Os párocos – cada vez menos porque, dizem, há falta de vocações – proclamam-no do púlpito abaixo, enquanto os fiéis que ajudam à missa, porque caiu em desuso a figura do sacristão, abanam a cabeça numa atitude de plena concordância. Até no futebol, até no futebol, o regime democrático está instaurado e chegou como o o Sr. Salvador Caetano diz que chegou a Toyota: para ficar.
Vem agora a público o favor que o Sr. director regional adjunto da Educação do Centro terá feito a pessoa amiga na colocação de uma professora de Viseu. E sabe-se de outras suspeitas, também na colocação de professores, em Santarém, Castelo Branco e Coimbra. Como se isto fosse o fim do mundo, os jornalistas que não obtiveram autorização para estarem presentes no exame dos orgãos genitais do Sr Carlos Cruz, desenham a tragédia e fazem cair o carmo e a trindade. Então não é de todo evidente que a este director regional adjunto assistem os mesmos direitos que assistiram ao Dr. Martins da Cruz? E a senhora que solicitou o seu empenho não será porventura uma eleitora de pleno direito, com cartão e tudo, até porque o recenseamento é obrigatório? Não descortino que possa haver problemas com favorecimentos noutros distritos. A cunha é de há muito uma instituição nacional e connosco pode certamente a Europa toda aprender o que não sabe. Não interessa que o caloiro A, com notas muito elevadas e sem cunhas de ninguém, tenha entrado para o curso de medicina da Universidade Nova de Lisboa, por exemplo. Não interessa que se mate a estudar, dia e noite, fins de semana incluídos, e saiba de fio a pavio todos os ossinhos do corpo humano, até mesmo o estribo. Não interessa que tenha vintes às frequências e aos exames a que entenderem submetê-lo e que acabe brilhantemente licenciado com vinte também.
Quando for para o mercado do trabalho é melhor que conheça alguém que tenha um ministro por amigo. Ou um secretário de estado, até mesmo um deputado ou um presidente de câmara. Pode não iniciar funções na profissão para que andou uns anos a queimar as pestanas, mas sempre se arranja um qualquer lugar de assessor. Sim, com carro para uso pessoal, gasolina, despesas de representação e cartão de crédito. Para compensar o ordenado que não é lá grande coisa, apenas dois mil euros. E agora aparecem as gordas nos jornais, como se estivéssemos perante coisa nova e de que ninguém soubesse? Há de facto gente com muita lata. Que só reage por despeito e por inveja. Não seria melhor que vissem os amigos que arranjam e avaliassem se os mesmos lhes podem servir para alguma coisa, fazendo-os subir na vida?
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