O Dr Prado Coelho regressou do Brasil
Mais depressa do que tinha acontecido com Pedro Álvares Cabral, o Dr. Prado Coelho regressou do Brasil. Onde, afinal, esteve acompanhado do Dr Augusto Santos Silva que, como sabem, não é o do banco. E retomou a sua coluna habitual no jornal Público depois de ter participado num colóquio sobre o tema “os intelectuais são ainda necessários?”. À sua maneira faz a descrição muito analítica de tudo. De onde foi, de quem foram os apoios e a orientação e quem assessorou.
Acaba a afirmar que o intelectual tem que saber que a sua função é hoje sobretudo a de um tradutor de códigos culturais e que essa função implica uma análise cuidadosa e uma utilização sagaz do sistema dos “media”. É uma frase densa, fechada, hermética, como são muitas vezes expendidos os conceitos e os pensamentos do Dr. Coelho. Humildemente não sei o que quer ele dizer quando alude a um tradutor de códigos culturais e pergunto-me que tradução? E que códigos? Ainda por cima quando a função implica, como escreve, uma análise cuidadosa e uma utilização sagaz do sistema dos “media”. Análise cuidadosa em que sentido, com que critérios, de que vectores do tal dito sistema? E a utilização sagaz? As utilizações devem todas elas ser sagazes, sejam do que for, ou não? Mas quanto à utilização, qual utilização, com que princípios e com que finalidade?
Parece querer estar a reduzir-se o intelectual assim a um género de detergente que lava tudo, sem marca de fábrica, sem dignidade e sem verdades absolutas. Que nunca houve e que ninguém nunca teve. O problema dos intelectuais é, a meu ver, olharem demasiado para o umbigo, é arrolarem filosofias e correntes e, fora de tempo, criticarem e discordarem. E reincidirem no isolamento das suas cátedras e das suas redomas, à margem das sociedades do dia a dia. E pretende agora o Dr Coelho que eles sejam tradutores de códigos dessas sociedades, consultados os “media” – termo de que não gosto e que, presumo, não exista! – e utilizados sagazmente. É mais do mesmo, muita intelectualidade fica à porta do Teatro Nacional de D. Maria ou dos museus da Fundação Calouste Gulbenkian. Sem que haja capitais europeias da cultura que lhe valham
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