Há uniões que produzem benefícios recíprocos
Antes de mais, a vida pessoal de cada um pertence-lhe e não há o direito de a invadir. Mas quem tem aquilo a que hoje se chama visibilidade pública tem que acautelar-se e, mesmo assim, ter arcaboiço para suportar aquilo que a sério ou a brincar se pode ir dizendo pela rua fora. Não saindo de casa, sendo solteiro, exercendo um cargo alto de mais para as necessidades dos cidadãos, ninguém foi mais glosado do que o Dr Salazar. Como nada impediu que o Paulinho das feiras chegasse a ministro - como tanto queria - e pudesse apresentar-se como tal perante uma assembleia de deputados que, entre si, se tratam formalmente por V. Exa. como deseja o seu presidente, o também ilustre celibatário João Bosco.
Um dos casais exemplares é, sem sombra de dúvida, o constituído pelo benfiquista Fernando Seara e pela jornalista Judite de Sousa. Que se casaram, segundo constou, numa festa de arromba que apenas se não pode comparar ao casamento da Tchizé dos Santos porque ele é presidente de câmara e o tal Dos Santos presidente de Angola. Se isso já não fosse suficiente, não consta que em Sintra haja jazigos de petróleo porque o pouco que até hoje foi descoberto, foi-o no Beato, por Raúl Solnado, e a exploração veio a revelar-se excessivamente dispendiosa e mais deficitária do que o orçamento do Estado. Antes de todas as operações de sofisticada cosmética a que foi submetido.
Mas o casal equilibrou, por exemplo, a densidade e o comprimento dos cabelos. O dele, embora basto, era demasiado curto. Ao invés ela, não o tendo tão farto tinha-o excessivamente longo porque algum assessor brasileiro de marketing a tinha convencido de que assim é que as câmaras a beneficiavam mais. Ela ensinou-o a olhar para as câmaras enquanto dizia mal dos árbitros, parecendo que falava a sério, e disse-lhe como instruir as maquilhadoras para que o besuntassem menos, antes de entrar em estúdio. Grato, sendo ela já jornalista, - com tendências ditatoriais que a levam, muitas vezes, a não deixar que os seus convidados falem - ele ensinou-lhe o que era ser benfiquista, como cantava o Luís Piçarra. Com ele aprendeu que o futebol era um jogo, disputado por duas equipas, num rectângulo usualmente coberto por erva, controlado por um juiz a que se chama árbitro. E que este era invariavelmente bom quando a nossa equipa ganha e muito mais do que ladrão sempre que ela perde.
Vai daí, a D. Judite sentiu-se segura de si e confiante. A acrescer à carteira profissional tinha adquirido conhecimentos futebolísticos. Dois passos à frente e estava a escrever para jornais desportivos. Sempre que a bola entra na baliza é golo, sempre que passa ao lado, não é. E não tardou que se pronunciasse com seriedade e com conhecimento de causa sobre o futebol: "O futebol está como a economia. Ou seja, está mal. Está em recessão".
Ficam duas possibilidades de interpretação: ou a tomamos a sério e damos crédito ao que afirma, ou a achamos uma ignorante que em casa se devia entreter a arrumar as meias do Fernando porque não sabe do que fala. Pela primeira via. Foi preciso esta mulher sacrificar parte do seu muito ocupado tempo, prescindir de merecidos momentos de descanso em companhia do marido, programar a vida a dois, o nascimento e a educação dos filhos, ouvir provavelmente raspanetes do ser director na TV de serviço público - soa bem, não soa? - para que o país soubesse que o futebol está como está. Porque isso nunca passou pela cabeça de ninguém. Os clubes continuam a apresentar vultuosos lucros - não são como a generalidade dos empresários - a fazer contratações milionárias, a pagar salários muito acima do salário mínimo, mesmo depois deste revisto, a construir estádios novos às dezenas e a manter permanentemente regularizadas as suas contas com o fisco. Para mútua e recíproca satisfação da ministra das finanças e do presidente da Câmara de Gondomar.
Pela segunda via. Então este estafermo de cabelos compridos, louros por causa das brancas irreverentes e precoces, trabalha na televisão e não presta atenção ao que ela passa? Quem vai acreditar no que ela diz? Ninguém faz a mínima ideia da experiência futebolística que terá e muito menos onde a terá adquirido, e não pense ela que basta um namoro com um adepto, mesmo ferrenho, para poder puxar dos galões. Qual recessão? Se no passado dia de Natal tivesse estado mais atenta, deixando de lado as rabanadas e o bolo-rei, teria reparado na pose familiar e tranquila - o sacana do meu irmão brasileiro outra vez! - do Dr Barroso. Descansado como se estivesse a dormir, seguramente com a mãe por detrás da câmara a babar-se e a repetir mentalmente: olha para ele, parece um anjo. A assegurar que já havia sinais, não sei é se eram os do Fernando Alves na TSF. E que estávamos a passar ao lado da recessão, que se via luz ao fundo do túnel, só não disse é se este tinha fundo. Mas pode muito bem ter porque o que não o tem é o do Terreiro do Paço, cheio de água até ao cais do Barreiro. E vem falar-nos em recessão no futebol! Qual recessão? Qual futebol?
Um dos casais exemplares é, sem sombra de dúvida, o constituído pelo benfiquista Fernando Seara e pela jornalista Judite de Sousa. Que se casaram, segundo constou, numa festa de arromba que apenas se não pode comparar ao casamento da Tchizé dos Santos porque ele é presidente de câmara e o tal Dos Santos presidente de Angola. Se isso já não fosse suficiente, não consta que em Sintra haja jazigos de petróleo porque o pouco que até hoje foi descoberto, foi-o no Beato, por Raúl Solnado, e a exploração veio a revelar-se excessivamente dispendiosa e mais deficitária do que o orçamento do Estado. Antes de todas as operações de sofisticada cosmética a que foi submetido.
Mas o casal equilibrou, por exemplo, a densidade e o comprimento dos cabelos. O dele, embora basto, era demasiado curto. Ao invés ela, não o tendo tão farto tinha-o excessivamente longo porque algum assessor brasileiro de marketing a tinha convencido de que assim é que as câmaras a beneficiavam mais. Ela ensinou-o a olhar para as câmaras enquanto dizia mal dos árbitros, parecendo que falava a sério, e disse-lhe como instruir as maquilhadoras para que o besuntassem menos, antes de entrar em estúdio. Grato, sendo ela já jornalista, - com tendências ditatoriais que a levam, muitas vezes, a não deixar que os seus convidados falem - ele ensinou-lhe o que era ser benfiquista, como cantava o Luís Piçarra. Com ele aprendeu que o futebol era um jogo, disputado por duas equipas, num rectângulo usualmente coberto por erva, controlado por um juiz a que se chama árbitro. E que este era invariavelmente bom quando a nossa equipa ganha e muito mais do que ladrão sempre que ela perde.
Vai daí, a D. Judite sentiu-se segura de si e confiante. A acrescer à carteira profissional tinha adquirido conhecimentos futebolísticos. Dois passos à frente e estava a escrever para jornais desportivos. Sempre que a bola entra na baliza é golo, sempre que passa ao lado, não é. E não tardou que se pronunciasse com seriedade e com conhecimento de causa sobre o futebol: "O futebol está como a economia. Ou seja, está mal. Está em recessão".
Ficam duas possibilidades de interpretação: ou a tomamos a sério e damos crédito ao que afirma, ou a achamos uma ignorante que em casa se devia entreter a arrumar as meias do Fernando porque não sabe do que fala. Pela primeira via. Foi preciso esta mulher sacrificar parte do seu muito ocupado tempo, prescindir de merecidos momentos de descanso em companhia do marido, programar a vida a dois, o nascimento e a educação dos filhos, ouvir provavelmente raspanetes do ser director na TV de serviço público - soa bem, não soa? - para que o país soubesse que o futebol está como está. Porque isso nunca passou pela cabeça de ninguém. Os clubes continuam a apresentar vultuosos lucros - não são como a generalidade dos empresários - a fazer contratações milionárias, a pagar salários muito acima do salário mínimo, mesmo depois deste revisto, a construir estádios novos às dezenas e a manter permanentemente regularizadas as suas contas com o fisco. Para mútua e recíproca satisfação da ministra das finanças e do presidente da Câmara de Gondomar.
Pela segunda via. Então este estafermo de cabelos compridos, louros por causa das brancas irreverentes e precoces, trabalha na televisão e não presta atenção ao que ela passa? Quem vai acreditar no que ela diz? Ninguém faz a mínima ideia da experiência futebolística que terá e muito menos onde a terá adquirido, e não pense ela que basta um namoro com um adepto, mesmo ferrenho, para poder puxar dos galões. Qual recessão? Se no passado dia de Natal tivesse estado mais atenta, deixando de lado as rabanadas e o bolo-rei, teria reparado na pose familiar e tranquila - o sacana do meu irmão brasileiro outra vez! - do Dr Barroso. Descansado como se estivesse a dormir, seguramente com a mãe por detrás da câmara a babar-se e a repetir mentalmente: olha para ele, parece um anjo. A assegurar que já havia sinais, não sei é se eram os do Fernando Alves na TSF. E que estávamos a passar ao lado da recessão, que se via luz ao fundo do túnel, só não disse é se este tinha fundo. Mas pode muito bem ter porque o que não o tem é o do Terreiro do Paço, cheio de água até ao cais do Barreiro. E vem falar-nos em recessão no futebol! Qual recessão? Qual futebol?
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