As fundações, o mecenato e o Sr Miguel Sousa Cintra
Às vezes chego a pensar que é um congénito defeito meu, duvidar assim de algumas coisas e sentir que se me franze o nariz como se cheirasse os resíduos da celulose de Cacia a invadirem os comboios da linha do norte na sua marcha a caminho de Campanhã. Mas depois paro e penso um pouco e as incertezas sobrevêm-me. É nessas alturas que, passados todos estes anos, continuo a invejar o professor Cavaco que nunca tinha dúvidas e que raramente se enganava.
Primeiro, quanto às fundações, que tempos houve em que proliferaram como cogumelos pelos pinhais, acompanhando as primeiras chuvas de Outono. Criadas por todo o bicho careta, sempre no propósito altruísta de perseguirem fins não lucrativos e muitas vezes mesmo de benemerência. Mas, quando falo de bichos caretas, não me refiro propriamente a associações de moradores, a associações de pais, a clubes de desempregados ou a adeptos do Salgueiros. Sempre gente graúda, de governantes a empresários, de futebolistas a professores catedráticos. As estatísticas dizem-me depois que os pobres são cada vez mais e mais pobres e que os ricos são cada vez menos e mais ricos. Linearmente concluo, sem pretensões de erudição, que as fundações não cumprem os seus objectivos. Até que aquele ex-ministro que é do Benfica e que esteve mesmo com um pé na administração da SAD - olha!, esqueci-me destas! - deitou tudo a perder com uma tal fundação para a segurança rodoviária e com os serviços atribuídos a amigos, sem concurso. De forma criativa, que é um eufemismo vago quanto chegue para classificar a vigarice.
Depois o mecenato e ainda não encontrei um sem abrigo - mesmo daqueles que segundo Nuno Santos, 36 anos, assessor de marketing, pai de um menino de três anos que frequenta o infantário Pom Pom, vizinho da instituição Coração da Cidade - que tenha sido mecenas fosse onde fosse, mesmo frequentando luxuosas festas com fados e guitarradas que perturbam o sossego da rua e partam em luxuosos automóveis de grande cilindrada, invetivando o Sr Nuno Santos e fazendo-lhe manguitos. O mecenato é sempre praticado por outros e com outros destinos. Qual seria o gozo de atribuir benefícios ao Coração da Cidade ou à Associação Espírita Migalha de Amor, cujos nomes não dizem nada, são perfeitamente indiferentes e irrelevantes e que, seguramente, os iriam estroinar a comprar nabos e grelos no mercado do Bolhão? Não promovem exposições em Serralves nem patrocinam concertos de Ano Novo na Praça de D. João I. Quanto à sopa, felizmente, todos a têm em casa, longe dos sovacos sem banho e sem desodorizante dos esfarrapados.
Por último o Sr Miguel Sousa Cintra. Tem sido esta manhã a notícia e que diabo, pelos esforços desenvolvidos nesse sentido já a merecia. Ao que dizem os jornais e as rádios foi ontem interceptado ao volante de um veículo todo o terreno, vulgo Jeep, de valor superior a 20.000 contos, equipado com sirene, quando a accionou para rapidamente ultrapassar algum daqueles condutores de domingo, com latas de merda e que não saiem da frente. Que, em boa verdade, até deveriam estar proíbidos de circular em vias rápidas. Acontece é que o jeep estava registado em nome dos bombeiros de Sacavém aos quais, de forma magnânina, o mesmo o tinha oferecido depois de utilizar algumas vantagens no acto de compra e de, por descuido, ainda o estar a usar ele próprio. Mas pagando o combustível, o seguro, a manutenção e as portagens, logo veio, solícito, esclarecer o respectivo comandante. Que até já tinha experimentado o veículo, excusando-se a revelar se o mesmo lhe agradara ou se pensava recusar a oferta do Sr Cintra.
Este Sr Cintra - não vá confundir-se com o outro! - não faz nada disto por questões de dinheiro, que é coisa que lhe sobra por tudo quanto é lado e disso, prodigamente, se vai gabando. Há ainda pouco tempo se recordarão de ter amealhado em bolsa uns saborosos tostões apenas por ter tido o fado de conhecer informação sobre uma empresa de que era administrador e de a ter utilizado, que ele não é burro. Foi considerado crime, foi julgado e condenado e nunca mais se soube nada. Nem da pena nem tão pouco dos tostões. Depois, de família, já lhe vinha a herança. Dono e senhor de todo e de tudo no Algarve, de barlavento a sotavento, incluindo minúsculos caracois apanhados a trepar ervas daninhas, como se fossem o professor Cavaco empoleirado num coqueiro de S. Tomé e Princípe. Como castigo pela invasão de propriedade, eram apanhados e enviados para Lisboa. Para a panela!
Primeiro, quanto às fundações, que tempos houve em que proliferaram como cogumelos pelos pinhais, acompanhando as primeiras chuvas de Outono. Criadas por todo o bicho careta, sempre no propósito altruísta de perseguirem fins não lucrativos e muitas vezes mesmo de benemerência. Mas, quando falo de bichos caretas, não me refiro propriamente a associações de moradores, a associações de pais, a clubes de desempregados ou a adeptos do Salgueiros. Sempre gente graúda, de governantes a empresários, de futebolistas a professores catedráticos. As estatísticas dizem-me depois que os pobres são cada vez mais e mais pobres e que os ricos são cada vez menos e mais ricos. Linearmente concluo, sem pretensões de erudição, que as fundações não cumprem os seus objectivos. Até que aquele ex-ministro que é do Benfica e que esteve mesmo com um pé na administração da SAD - olha!, esqueci-me destas! - deitou tudo a perder com uma tal fundação para a segurança rodoviária e com os serviços atribuídos a amigos, sem concurso. De forma criativa, que é um eufemismo vago quanto chegue para classificar a vigarice.
Depois o mecenato e ainda não encontrei um sem abrigo - mesmo daqueles que segundo Nuno Santos, 36 anos, assessor de marketing, pai de um menino de três anos que frequenta o infantário Pom Pom, vizinho da instituição Coração da Cidade - que tenha sido mecenas fosse onde fosse, mesmo frequentando luxuosas festas com fados e guitarradas que perturbam o sossego da rua e partam em luxuosos automóveis de grande cilindrada, invetivando o Sr Nuno Santos e fazendo-lhe manguitos. O mecenato é sempre praticado por outros e com outros destinos. Qual seria o gozo de atribuir benefícios ao Coração da Cidade ou à Associação Espírita Migalha de Amor, cujos nomes não dizem nada, são perfeitamente indiferentes e irrelevantes e que, seguramente, os iriam estroinar a comprar nabos e grelos no mercado do Bolhão? Não promovem exposições em Serralves nem patrocinam concertos de Ano Novo na Praça de D. João I. Quanto à sopa, felizmente, todos a têm em casa, longe dos sovacos sem banho e sem desodorizante dos esfarrapados.
Por último o Sr Miguel Sousa Cintra. Tem sido esta manhã a notícia e que diabo, pelos esforços desenvolvidos nesse sentido já a merecia. Ao que dizem os jornais e as rádios foi ontem interceptado ao volante de um veículo todo o terreno, vulgo Jeep, de valor superior a 20.000 contos, equipado com sirene, quando a accionou para rapidamente ultrapassar algum daqueles condutores de domingo, com latas de merda e que não saiem da frente. Que, em boa verdade, até deveriam estar proíbidos de circular em vias rápidas. Acontece é que o jeep estava registado em nome dos bombeiros de Sacavém aos quais, de forma magnânina, o mesmo o tinha oferecido depois de utilizar algumas vantagens no acto de compra e de, por descuido, ainda o estar a usar ele próprio. Mas pagando o combustível, o seguro, a manutenção e as portagens, logo veio, solícito, esclarecer o respectivo comandante. Que até já tinha experimentado o veículo, excusando-se a revelar se o mesmo lhe agradara ou se pensava recusar a oferta do Sr Cintra.
Este Sr Cintra - não vá confundir-se com o outro! - não faz nada disto por questões de dinheiro, que é coisa que lhe sobra por tudo quanto é lado e disso, prodigamente, se vai gabando. Há ainda pouco tempo se recordarão de ter amealhado em bolsa uns saborosos tostões apenas por ter tido o fado de conhecer informação sobre uma empresa de que era administrador e de a ter utilizado, que ele não é burro. Foi considerado crime, foi julgado e condenado e nunca mais se soube nada. Nem da pena nem tão pouco dos tostões. Depois, de família, já lhe vinha a herança. Dono e senhor de todo e de tudo no Algarve, de barlavento a sotavento, incluindo minúsculos caracois apanhados a trepar ervas daninhas, como se fossem o professor Cavaco empoleirado num coqueiro de S. Tomé e Princípe. Como castigo pela invasão de propriedade, eram apanhados e enviados para Lisboa. Para a panela!
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