13 de janeiro de 2004

O pernicioso diário da D. Raquel

Raquel Cruz: a intervençao negativaMais vale tarde do que nunca, diz o adágio popular. A verdade é que a D. Raquel descobriu uma nova vocação, apesar da inexperiência e das muitas pressões a que, supomos, o seu quotidiano está sujeito. Melhor seria, em todo o caso, que alguém lhe dissesse que a vulgaridade, ainda por cima num sentido perfeitamente pre-definido, não servem, regra geral, de ajuda seja a quem for.

Hoje vem, na condição de assistente, pronunciar-se sobre conferências com especialistas de psiquiatria, pediatria e direito, a que "teve o prazer de assitir" e que achou "muito interessantes". Durante sete horas, segundo diz, ouviu coisas interessantes e importantes para perceber o porquê da mentira em relação ao marido. As palavras são suas!

Para dizer, pela boca de especialistas, coisas desgarradas, divorciadas do contexto, como premissas que não carecem de demonstração, deste género: "é possível induzir nas crianças memórias, percepções completamente falsas facilmente. As pessoas sugestionam as outras sem se darem conta e são sugestionadas sem saber. Queremos corresponder às expectativas dos outros. A repetição de falsas informações, permanentemente, induz falsas e convictas memórias. A memória auto-biográfica passa pelas palavras e para aumentar a auto-estima a percepção varia e pode não ter nada a ver com a realidade histórica. A sua auto-estima melhora se for violada por uma pessoa famosa".

Nós, que nunca conhecemos o Sr Carlos Cruz mais magro ou mais gordo, habituámo-nos, ao longo dos anos, como supomos que a grande maioria do país, a admirá-lo e a reconhecer-lhe os méritos que lhe eram devidos - e são - como profissional. Por isso, cremos ainda, a sua inesperada detenção caiu como uma bomba. Com tempo e com frieza há que separar o trigo do joio e não misturar as coisas, como insistentemente se vem tentando fazer. O alarido e a gritaria à volta das questões nunca promoveram o benefício do raciocínio e não acreditamos que possam contribuir positivamente para a justiça.

Certamente também será possível induzir em adultos percepções idênticas às que, sem jeito, se limita a enumerar, mal e sinteticamente. Mas o processo não é um processo de saúde e de listas de espera para intervenções cirúrgicas. É um processo de justiça, para correr nos tribunais. Tantos tiros no pé não a ajudam, nem a si, nem ao seu marido. Ainda acabarão por lhe atingir, perigosamente, algum dedo grande. Haja maneiras, haja contenção, haja bom senso! É que, por esta via, vem sendo progressivamente hipotecado todo o imenso capital de simpatia que estava disponível à partida. Pelas colunas de jornal, como esta, que são reféns da vulgaridade sem conteúdo, pelos advogados que devem transmitir a imagem de um empenhamento seguro e, até, pelo Sr Carlos Cruz que, imperativamente remetido ao silêncio, se conclui que isso tem sido o que menos o prejudica. Quanto à comunicação social e aos jovens repórteres que montaram acampamento à porta do EPL, são o que são. Fazem o que estão lá para fazer: ouvir os disparates e divulgá-los!

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