1 de fevereiro de 2004

Narciso & Família - Câmara Municipal, Lda

Narciso: o presidente do conselho de administraçãoNarciso Miranda foi recentemente acusado - injustamente, como o próprio reconhece! - do favorecimento de amigos e familiares na atribuição de empregos na Câmara Municipal de Matosinhos. Acusações deste tipo são um estigma que frequentemente se abate sobre os mais sérios, honrados e trabalhadores políticos da nossa praça. Narciso Miranda é presidente da Câmara há escassos vinte e cinco anos. Antes disso exercia funções vulgares no controlo de qualidade da Efacec, uma empresa do concelho. É um democrata convicto e um patriota impoluto, já agraciado no país e no Brasil, onde frequentemente vai em merecidas férias. Sempre manifestou um total desapego do poder e por isso mesmo apenas o detém há um quarto de século. Está de acordo com a limitação de mandatos, desde que não sejam menos de quatro e que os já cumpridos não sejam chamados à baila, porque são passado. Mesmo sendo apenas presidente da câmara gostaria de bater o recorde de longevidade estabelecido pelo Dr Salazar. Mas democraticamente, por causa das suas convicções.

Deu uma conferência de imprensa para seu desagravo e para rebater as acusações, mas não permitiu perguntas por não trazer preparada a cábula para a resposta e poder atrapalhar-se com o improviso. Revelou que apenas tem empregados na autarquia cinco sobrinhos, dois cunhados e vários outros familiares e amigos. Não sabe dizer ao certo quantos mais familiares e amigos são, porque os não está a contar todos os dias e não toca a reunir uma vez por mês para fazer a chamada. Pensa, em todo o caso, que talvez não sejam mais do que trinta.

Igreja do Senhor de Matosinhos: onde Narciso se confessa!Todos foram admitidos por concurso, coisa que nem o ministro Portas faz, e nunca nenhum dos admitidos reclamou das classificações. E ele, Narciso, nunca fez parte dos júris desses concursos até ao fim, ausentando-se sempre que as coisas já estavam convenientemente encaminhadas. Por casualidade chegou mesmo a tomar conhecimento apenas depois do concurso de que havia admitidos, que namoravam com filhas de vizinhos das secretárias de elementos da sua vereação que, afinal, eram seus sobrinhos. Não ia tirar os pelouros aos vereadores, pois não?

Quanto ao seu gabinete, dispõe apenas da colaboração de um assessor de imprensa, que está a fazer um bom serviço pelo que se vê, de um fotógrafo que o faz aparecer nas fotografias como se fosse um engenheiro formado em Oxford como Alves dos Reis e de um motorista, por ele próprio ainda não ter carta de condução por chumbar sempre no código. Não sabe quanto ganha cada um deles, aliás ele nem sabe mesmo o seu vencimento, tal é o desprendimento que revela em relação aos bens materiais. Sabe, isso sim, é que cada funcionário da autarquia custa a cada cidadão, por ano, curtos 83 euros, o equivalente a pouco mais de dezasseis contos e quinhentos. Não sabe nem lhe importa saber quem é que faz a cobrança, desde que paguem.

Não sabe e nunca ouviu falar no desígnio "no jobs for the boys" porque não percebe línguas estrangeiras e polaco ainda menos. Mas assegura que o engenheiro Guterres nunca lhe recomendou ninguém porque, se o tivesse feito, teria tido o maior gosto em ser-lhe útil. Desde que lhe escrevesse o cartão em português e com letra de imprensa, para a perceber melhor!

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