Portugal começou hoje a comprar a Itália
Durante o dia de hoje a notícia de abertura dos noticiários foi a compra, pelo Estado português, de um terço do capital da Petrogal que era detido pelo grupo italiano Eni. Claro que isso fez com que tivesse passado um dia melhor. Sendo sexta-feira isso ainda ajudou mais, com a perspectiva do fim de semana. Tendo-se dissipado o nevoeiro que de manhã cobria a cidade e surgido o sol, a prometer dois dias tranquilos sem chuva e sem frio, o ânimo disparou. E começo a acreditar na retoma económica de que só falam o Dr Barroso e a Dra Manuela Leite. Por uma razão simples: um país que está de tanga, que nem sequer tem dinheiro para ir comprar umas pecitas de roupa aos saldos, não poderia dar-se ao luxo de altas cavalarias. Se o fez é porque havia dinheiro para isso e já acredito que os funcionários públicos acabem mesmo por ser aumentados. Se não for este ano é para o próximo. E de certeza em 2006 também.
Mas há uma coisa que me confunde. Os italianos eram donos de parte da Petrogal porque em tempos a compraram ao Estado português que detinha integralmente o seu capital. Quer dizer, o que os governos de Portugal fizeram foi pôr a Petrogal no prego para arrecadarem algum dinheiro. Depois, quando a quiseram ir buscar de volta porque o Sr José de Mello se mostrou muito zangado por não terem feito o negócio com os espanhois, tiveram que desembolsar juros a taxas de agiota e pagar muito mais do que tinham recebido. Além disso não percebo que o governo e o Dr Portas andem num berreiro contra as franjas da economia que são propriedade do Estado porque dão prejuízo que nós, contribuintes, pagamos. E o governo e o Dr Portas estão lá para defender os nossos interesses, como contribuintes, enquanto a Dra Manuela Leite lá está para nos lixar e para nos levar a guita toda. Então sendo assim terá acontecido que se distraíram por momentos na defesa dos nossos interesses e aumentaram a nossa participação nos prejuízos?
Os noticiários da televisão trouxeram-me de novo a tranquilidade e restituiram-me o orgulho. O ministro da economia, de que a gente não sabe o nome, que ainda menos imaginamos aquilo que faz e que só sabemos quem é quando, muito penteadinho, aparece na televisão, veio confirmar que realmente o negócio tinha sido feito. Que, em troca, o Sr Berlusconi não comprou a televisão do Estado, nem os caminhos de ferro, nem sequer a TAP. E que, cumprindo a vocação do governo de nos proteger a acautelar os nossos interesses, essa parte do capital da Petrogal, para o ano, será de novo vendida a privados. Quer dizer, como contribuintes só vamos ter de cobrir os prejuízos durante este ano. O governo e o Dr Portas afinal mantêm-se atentos e cuidadosamente vigilantes e, em 2005, farão de novo a venda a um trouxa qualquer que há-de dar por aquilo uma pipa de massa.
Não sei muito disto - para falar verdade, não sei nada disto - mas creio que estamos convictamente a entrar na globalização. Mais convictamente do que entrámos na guerra do E. Bush, com o ministro Figueiredo Lopes que nunca mais conseguia mandar os GNR para o Iraque para apanharem o Saddam. E quando os mandou, foi a pé e sem dinheiro para pagarem a renda ou comparem o bacalhau para o Natal. Nisto não, já nos mexemos, ao que parece, como peixe na água. Vendemos por cem, compramos por quinhentos, vamos vender de novo por cem e nada nos garante que, com a dinâmica, não voltemos a comprar por oitocentos. Por isso temos dos melhores gestores da Europa, a avaliar pelos ordenados que recebem, pelos automóveis em que se deslocam e mandam as crianças para a escola, pelo número de cartões de crédito que lhes enche as carteiras e pelos destinos que seleccionam para as suas curtas férias de três meses por ano.
Agora quero é ver o Estado a prosseguir no negócio, a comprar as televisões do Sr Berlusconi, o coliseu de Roma, a Torre de Pizza e a Juventus de Turim. As gôndolas de Veneza e o AC Milan com o Rui Costa e tudo. A Parmalat é que não, que de contabilidade dita criativa sabem eles mais que o governo português todo. Quando derem por ela a Itália é nossa, a globalização é connosco!
Mas há uma coisa que me confunde. Os italianos eram donos de parte da Petrogal porque em tempos a compraram ao Estado português que detinha integralmente o seu capital. Quer dizer, o que os governos de Portugal fizeram foi pôr a Petrogal no prego para arrecadarem algum dinheiro. Depois, quando a quiseram ir buscar de volta porque o Sr José de Mello se mostrou muito zangado por não terem feito o negócio com os espanhois, tiveram que desembolsar juros a taxas de agiota e pagar muito mais do que tinham recebido. Além disso não percebo que o governo e o Dr Portas andem num berreiro contra as franjas da economia que são propriedade do Estado porque dão prejuízo que nós, contribuintes, pagamos. E o governo e o Dr Portas estão lá para defender os nossos interesses, como contribuintes, enquanto a Dra Manuela Leite lá está para nos lixar e para nos levar a guita toda. Então sendo assim terá acontecido que se distraíram por momentos na defesa dos nossos interesses e aumentaram a nossa participação nos prejuízos?
Os noticiários da televisão trouxeram-me de novo a tranquilidade e restituiram-me o orgulho. O ministro da economia, de que a gente não sabe o nome, que ainda menos imaginamos aquilo que faz e que só sabemos quem é quando, muito penteadinho, aparece na televisão, veio confirmar que realmente o negócio tinha sido feito. Que, em troca, o Sr Berlusconi não comprou a televisão do Estado, nem os caminhos de ferro, nem sequer a TAP. E que, cumprindo a vocação do governo de nos proteger a acautelar os nossos interesses, essa parte do capital da Petrogal, para o ano, será de novo vendida a privados. Quer dizer, como contribuintes só vamos ter de cobrir os prejuízos durante este ano. O governo e o Dr Portas afinal mantêm-se atentos e cuidadosamente vigilantes e, em 2005, farão de novo a venda a um trouxa qualquer que há-de dar por aquilo uma pipa de massa.
Não sei muito disto - para falar verdade, não sei nada disto - mas creio que estamos convictamente a entrar na globalização. Mais convictamente do que entrámos na guerra do E. Bush, com o ministro Figueiredo Lopes que nunca mais conseguia mandar os GNR para o Iraque para apanharem o Saddam. E quando os mandou, foi a pé e sem dinheiro para pagarem a renda ou comparem o bacalhau para o Natal. Nisto não, já nos mexemos, ao que parece, como peixe na água. Vendemos por cem, compramos por quinhentos, vamos vender de novo por cem e nada nos garante que, com a dinâmica, não voltemos a comprar por oitocentos. Por isso temos dos melhores gestores da Europa, a avaliar pelos ordenados que recebem, pelos automóveis em que se deslocam e mandam as crianças para a escola, pelo número de cartões de crédito que lhes enche as carteiras e pelos destinos que seleccionam para as suas curtas férias de três meses por ano.
Agora quero é ver o Estado a prosseguir no negócio, a comprar as televisões do Sr Berlusconi, o coliseu de Roma, a Torre de Pizza e a Juventus de Turim. As gôndolas de Veneza e o AC Milan com o Rui Costa e tudo. A Parmalat é que não, que de contabilidade dita criativa sabem eles mais que o governo português todo. Quando derem por ela a Itália é nossa, a globalização é connosco!
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