A geografia tem andado a enganar-nos
O que não admira, se toda a gente o faz! Agora o que custa sempre é sermos os últimos a saber e vermo-nos sozinhos no palco, com as luzes dos projectores em cima, no desempenho do papel de corno. A plateia, das duas uma, ou se compunge ou se ri à gargalhada. Qualquer uma das situações nos embaraça, custa-nos contar aos amigos, chegar a casa e encarar a mulher e os filhos, todos sem nenhuma culpa.
Pela minha parte garanto que me ensinaram na escola que Portugal ficava, geograficamente, no extremo mais ocidental da Europa. Lamento não ter sido suficientemente precavido e ter guardado os manuais por onde o aprendi porque hoje já me teriam sido de grande utilidade. Assim, olho para os poucos mapas escolares que ainda tenho pendurados nas paredes, a simular Guernicas e outros picassos, e apenas acentuo as minhas convicções. Mas os mapas também já são antigos, como eu e a minha geografia.
Hoje, com o espanto natural de um ignorante, leio que uma agência de publicidade moveu uma acção contra o ICEP, um organismo oficial cujo objectivo é promover o comércio externo, por este ter apresentado Portugal como o país mais ocidental da Europa numa qualquer campanha. Alegando que a ideia lhe fora roubada e que isso constitui plágio grosseiro e inadmissível.
Quer dizer, quando muitos de nós foram obrigados a aprendê-lo assim, fomos pura e simplesmente enganados. Fomos obrigados a aprender as linhas férreas como se fossem a Salvé Rainha, com entroncamentos, estações e apeadeiros e, afinal, elas não existem. O que existe é só a linha do norte e, mesmo esta, só tem uma estação em Vila Nova de Gaia. Levámos porrada para aprender rios, nascentes e afluentes de ambas as margens e depois preparámos o farnel, fomos em passeio para visitar os locais e os rios secaram, afluentes incluídos. Aprendemos os pontos cardeais como sendo quatro e agora, de repente, dizem-nos que são apenas três, enquanto não forem apenas dois.
Percorremos a costa de norte a sul, seguimos para sotavento até Vila Real de Santo António, nem aí nos detivémos. Fomos do Minho a Timor, sem paragens nem escalas técnicas. Ensinaram-nos cabos, penínsulas, baías e enseadas que recitámos como tabuada, com hesitações, erros e reguadas. Afinal a costa não existia, era um plágio. Grosseiro e inadmissível.
Valha-nos ao menos essa derradeira ponta de orgulho. O país, esse, existe. É tão original, tão diferente, tão típico que, seguramente, não pode ser plágio nem de nada, nem de coisa nenhuma. É perfeitamente impensável. E seria muito mais grosseiro e muito mais inadmissível. Não há outro. Era só o que faltava termos agora uma Dra Manuela Leite que fosse um plágio. Nem na Patagónia!
Pela minha parte garanto que me ensinaram na escola que Portugal ficava, geograficamente, no extremo mais ocidental da Europa. Lamento não ter sido suficientemente precavido e ter guardado os manuais por onde o aprendi porque hoje já me teriam sido de grande utilidade. Assim, olho para os poucos mapas escolares que ainda tenho pendurados nas paredes, a simular Guernicas e outros picassos, e apenas acentuo as minhas convicções. Mas os mapas também já são antigos, como eu e a minha geografia.
Hoje, com o espanto natural de um ignorante, leio que uma agência de publicidade moveu uma acção contra o ICEP, um organismo oficial cujo objectivo é promover o comércio externo, por este ter apresentado Portugal como o país mais ocidental da Europa numa qualquer campanha. Alegando que a ideia lhe fora roubada e que isso constitui plágio grosseiro e inadmissível.
Quer dizer, quando muitos de nós foram obrigados a aprendê-lo assim, fomos pura e simplesmente enganados. Fomos obrigados a aprender as linhas férreas como se fossem a Salvé Rainha, com entroncamentos, estações e apeadeiros e, afinal, elas não existem. O que existe é só a linha do norte e, mesmo esta, só tem uma estação em Vila Nova de Gaia. Levámos porrada para aprender rios, nascentes e afluentes de ambas as margens e depois preparámos o farnel, fomos em passeio para visitar os locais e os rios secaram, afluentes incluídos. Aprendemos os pontos cardeais como sendo quatro e agora, de repente, dizem-nos que são apenas três, enquanto não forem apenas dois.
Percorremos a costa de norte a sul, seguimos para sotavento até Vila Real de Santo António, nem aí nos detivémos. Fomos do Minho a Timor, sem paragens nem escalas técnicas. Ensinaram-nos cabos, penínsulas, baías e enseadas que recitámos como tabuada, com hesitações, erros e reguadas. Afinal a costa não existia, era um plágio. Grosseiro e inadmissível.
Valha-nos ao menos essa derradeira ponta de orgulho. O país, esse, existe. É tão original, tão diferente, tão típico que, seguramente, não pode ser plágio nem de nada, nem de coisa nenhuma. É perfeitamente impensável. E seria muito mais grosseiro e muito mais inadmissível. Não há outro. Era só o que faltava termos agora uma Dra Manuela Leite que fosse um plágio. Nem na Patagónia!
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