O governo preocupa-se, o problema está resolvido!
Os jornais de hoje, quase em uníssono, dão nota das preocupações do governo. É isso que, no essencial, me tranquiliza. Que me conforta e me permite que continue a dormir o sono profundo de sempre, sem recurso a pílulas e a comprimidos. Já era assim em criança, quando o simples facto de saber que a minha mãe se ia deitar preocupada com a probabilidade elevada de eu, com menos de dois anos de idade, mijar na cama. Isso, imagino-o hoje, entorpecia-me, contribuia para que adormecesse mais rapidamente, fazia com que dormisse como um anjinho, - creio que já ouvi isto da boca não sei de quem! - sonhasse com a praia, o mar e as ondas. Depois, claro, acordava sobressaltado e num berreiro pegado. A minha mãe levantava-se contrariada, mudava-me a fralda a repetir os mais inimagináveis palavrões e regressava à cama. Eu ria-me, virava-me de lado, adormecia de novo.
Ainda hoje continuo com a mesma atitude perante o quotidiano da vida. Desde que saiba que, pelo que ouço dizer, vivemos num país de direito, tenha conhecimento de que há um governo legítimo e consciência de que este se preocupa comigo, estou descansado. Podem vir-me com as tretas habituais, a tentar dizer-me que o país de direito mantém nas prisões milhares de detidos sem culpa formada, que a corrupção alastra, que o consumo e o tráfico de droga aumentam. Não quero saber disso, é o despeito e o radicalismo dos gajos que até comem criancinhas ao pequeno almoço. Só pode ser isso!
O que eu sei é que quando o governo se preocupa, a seguir aprova leis novas. E o assunto fica resolvido, mesmo que ninguém as cumpra ou esteja sequer preocupado com isso. Mas a situação tem enquadramento legal, os professores de direito irão ensinar isso aos seus alunos, somos civilizados. É assim que vai ser resolvida a questão da violência nos estádios: por decreto. Realmente é inadmissível que o governo - cujos membros até nem vão à bola! - tenha decidido e comparticipado pacificamente a construção de dez novos estádios e agora, ainda a festa não começou, já se registem cenas destas, a borrar a pintura. A estragar equipamentos e a arrancar e partir cadeiras.
Por decreto, proiba-se a violência e institua-se a amizade pessoal e institucional dos Drs Soares pai e Portas ministro. Ratifique o parlamento, sem tibiezas, que a Dra Celeste Cardona continua ministra. Proiba-se o professor Marcelo de demitir membros do governo aos domingos à noite, quando os mesmos se preparam para meter as crianças na cama e rezar o terço. Legisle-se sobre a condição dos Drs Pimenta Machado e João Loureiro e renegue-se, no preâmbulo, a qualidade de energúmenos dos adeptos dos clubes que dirigem. Agracie-se, sobretudo, o major Loureiro, de ofícios mil e capacidades "nil", pelas normas definitivas que vai conseguir que a liga de futebol aprove. Para que a porrada, ao menos, possa ser adiada para depois dos jogos. Mesmo que ainda possa começar nos estádios, nas salas de imprensa!
Ainda hoje continuo com a mesma atitude perante o quotidiano da vida. Desde que saiba que, pelo que ouço dizer, vivemos num país de direito, tenha conhecimento de que há um governo legítimo e consciência de que este se preocupa comigo, estou descansado. Podem vir-me com as tretas habituais, a tentar dizer-me que o país de direito mantém nas prisões milhares de detidos sem culpa formada, que a corrupção alastra, que o consumo e o tráfico de droga aumentam. Não quero saber disso, é o despeito e o radicalismo dos gajos que até comem criancinhas ao pequeno almoço. Só pode ser isso!
O que eu sei é que quando o governo se preocupa, a seguir aprova leis novas. E o assunto fica resolvido, mesmo que ninguém as cumpra ou esteja sequer preocupado com isso. Mas a situação tem enquadramento legal, os professores de direito irão ensinar isso aos seus alunos, somos civilizados. É assim que vai ser resolvida a questão da violência nos estádios: por decreto. Realmente é inadmissível que o governo - cujos membros até nem vão à bola! - tenha decidido e comparticipado pacificamente a construção de dez novos estádios e agora, ainda a festa não começou, já se registem cenas destas, a borrar a pintura. A estragar equipamentos e a arrancar e partir cadeiras.
Por decreto, proiba-se a violência e institua-se a amizade pessoal e institucional dos Drs Soares pai e Portas ministro. Ratifique o parlamento, sem tibiezas, que a Dra Celeste Cardona continua ministra. Proiba-se o professor Marcelo de demitir membros do governo aos domingos à noite, quando os mesmos se preparam para meter as crianças na cama e rezar o terço. Legisle-se sobre a condição dos Drs Pimenta Machado e João Loureiro e renegue-se, no preâmbulo, a qualidade de energúmenos dos adeptos dos clubes que dirigem. Agracie-se, sobretudo, o major Loureiro, de ofícios mil e capacidades "nil", pelas normas definitivas que vai conseguir que a liga de futebol aprove. Para que a porrada, ao menos, possa ser adiada para depois dos jogos. Mesmo que ainda possa começar nos estádios, nas salas de imprensa!
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