O orgulho nacional e a ousadia espanhola

Agora, à sorrelfa, as diligentes e vigilantes autoridades açorianas, detectaram num barco de pesca espanhol que foi ao porto para meter gasóleo, licenças de pesca emitidas pelo governo espanhol. Ilegalmente e sem dizerem nada a ninguém. O assunto foi superiormente comunicado a quem devia ser: ao comandante do porto, ao comandante dos bombeiros, ao chefe da brigada fiscal, ao presidente do governo regional e ao ministro da defesa. Como sempre as autoridades envolvidas demonstraram de novo a sua eficiência e a notícia veio apanhar o ministro da defesa ainda na cama, envergando um pijama de cetim azul celeste.
Mais que alvoroço a notícias caiu como uma bomba e gerou de imediato o pandemónio. O ministro levantou-se a gesticular e aos berros, enquanto vestia por cima do pijama um robe de pano turco em tons de verde alface. Passou a correr pela casa de banho, mais modesta do que a que o Dr Carrilho mandou fazer no ex-gabinete dele, a tirar a ramela dos olhos e mandou convocar os chefes de estado maior e a D Cinha Jardim, sua assessora para determinados assuntos de logística.

Contam-se aviões, canhonheiras, submarinos e armas em geral. Verifica-se o prazo de validade das munições e confirmam-se os stocks de combustíveis. Escolhem-se itinerários, sítios para vencer os rios, locais para as emboscadas. Certifica-se que toda a infantaria tem calçado em bom estado, para aguentar a longa marcha. Pedem-se bandeiras nacionais, novas e grandes, que possam ser içadas nos mastros das fortalezas conquistadas, como sinal drapejante de soberania. A decisão sobre a invasão é unânime, a mesma está eminente. Nem vai dar tempo para instruir o embaixador no sentido de que regresse a Oeiras e se entretenha pelo Cascais Shopping enquanto o assunto se resolve.
Consulta-se finalmente e pela última vez o manual de estratégia do Sr Raúl Solnado que, no país, é ainda quem mais sabe de guerras. Decide-se contrariar as suas posições e não aguardar pelo fresco da manhã. É tempo de inverno, o tempo está macio, sem chuva, sem vento e com nuvens altas. Vai aguardar-se pelo crepúsculo para desencadear a operação, à noite todos os gatos são pardos, ninguém nos vê. Os espanhois estão fodidos!
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