A mão implacável da comissão de disciplina
Pessoalmente nunca gostei de voltar ao mesmo assunto. Até porque o dia a dia se não cansa de nos trazer novos temas, novos encantos, novas desesperanças. O único assunto a que volto sempre, com convicção e por deleite, é Portugal. Nunca o conhecemos de todo, nem no pior, tão pouco no melhor. Aprendo em cada dia, aumento o gosto, acrescento a dedicação. Reforço o orgulho e a esperança, até que extravasem como na maré cheia. Mas hoje lá tem que ser.
O país esperou a semana passada, impaciente, que o sábado chegasse para se sentar em frente à televisão e olhar para Alvalade. O país é uma forma de dizer, nem toda a gente tem ainda tevê cabo. Mas a maioria tem mais do que um receptor de rádio, paga despercebidamente a taxa nas contas da electricidade e pode, como supremo privilégio, ouvir o Sr Jorge Perestrelo grunhir para o microfone como se fosse um orangotango.
O jogo, sabe-se pelo que se viu a seguir, foi aquilo que foi. Todas as equipas, incluindo a de arbitragem, tiveram um comportamento patriótico. A exemplo do país empataram, não andaram nem para a frente, nem para trás. É verdade que o Sr José Mourinho, que nesta altura apenas espera pelo passaporte para emigrar, que já tarda, disse algumas palavras que não foi o seu pai a ensinar-lhe. Mas o rapaz saiu de casa muito cedo, andou por longe, teve más companhias, descambou. O Sr Vítor Baía escusava de ter deitado abaixo aquele brasileiro lingrinhas, um zé ninguém, sem físico para um estalo, que passou por ele feito exterminador implacável. Mas, apesar de não ter arcaboiço sequer para peso pluma, também se não acredita que tivesse caído redondo, a contorcer-se como se tivesse sido possuído pelo demónio, quando o Sr Jorge Costa, amistosamente, lhe foi alisar os cabelos, meio revoltos pela chuva e pelo o vento. De outros disparates nem se fala mais, isto é uma coluna séria e quando olha para o futebol fá-lo de forma serena. Sabe que, como disse o Sr major Loureiro, o futebol profissional, com ele ao leme, é o melhor que o país tem.
Mas agora vem a comissão de disciplina com castigos. Quanto aos jogos de suspensão, é como o outro. Cinco cartões amarelos dão um jogo de suspensão, é um exagero mas temos de nos conformar. São precisas cinco tentativas para partir uma perna a um adversário, quase sempre falham todas, não se aleijou ninguém e tira-se assim o pão da boca a quem trabalha. Mas as multas. Deus meu, que está tudo doido.
Toda a gente sabe que os clubes não estão falidos, nem sequer atravessam dificuldades financeiras. Estão muito longe de estar como o país: de tanga. Por isso mesmo o Sr major os recomenda, como exemplo. Mas acabaram de fazer grandes investimentos em estádios que aí estão, novinhos, para receberem uma dúzia de jogos do Euro 2004. Houve apenas uma ligeira comparticipação do estado, apesar de serem contribuintes idóneos, sem dívidas ao fisco e sem impostos por declarar. Nunca a Dra Manuela Leite mandou o seu cobrador do fraque a visitá-los! Depois, o resto, foi comparticipação das câmaras municipais e dos institutos públicos que, para que se saiba, são entidades privadas. Mais! Em Guimarães a câmara suportou os custos e o Dr Pimenta Machado, em assembleia geral, aceitou receber o estádio como doação, evitando que a autarquia tivesse que suportar elevados custos de manutenção. Um mecenas!
Mas as multas de quase 500 contos! A comissão sabe o que são 500 contos, algum dos seus membros já alguma vez os viu, sabe quantos cafés se podem tomar, quantas entradas isso paga na Cova da Onça? E aos jogadores, a quem os clubes pagam cada vez menos e cada vez mais tarde. Multas de cinquenta e de trinta contos? Não tarda nada e estão a aplicar-lhes multas iguais ao valor do salário mínimo. Esquecem-se que é rapaziada nova, que tem filhos na escola e na catequese, que tem que lhes pagar os transportes e as amas quando à tarde ficam em casa. Para as mães irem às Amoreiras e ao Colombo fazer as compras para a casa e tomar uma bica a correr.
Não há dúvidas, a ministra Celeste Cardona tem de tirar um dia de férias e ir dar formação àquela gente, para aprender o que é a justiça. Isso ela sabe bem o que é. E o Sr major é o que se sabe: paga logo. Sem recibo, desde que não vá dizer nada à ministra das finanças.
O país esperou a semana passada, impaciente, que o sábado chegasse para se sentar em frente à televisão e olhar para Alvalade. O país é uma forma de dizer, nem toda a gente tem ainda tevê cabo. Mas a maioria tem mais do que um receptor de rádio, paga despercebidamente a taxa nas contas da electricidade e pode, como supremo privilégio, ouvir o Sr Jorge Perestrelo grunhir para o microfone como se fosse um orangotango.
O jogo, sabe-se pelo que se viu a seguir, foi aquilo que foi. Todas as equipas, incluindo a de arbitragem, tiveram um comportamento patriótico. A exemplo do país empataram, não andaram nem para a frente, nem para trás. É verdade que o Sr José Mourinho, que nesta altura apenas espera pelo passaporte para emigrar, que já tarda, disse algumas palavras que não foi o seu pai a ensinar-lhe. Mas o rapaz saiu de casa muito cedo, andou por longe, teve más companhias, descambou. O Sr Vítor Baía escusava de ter deitado abaixo aquele brasileiro lingrinhas, um zé ninguém, sem físico para um estalo, que passou por ele feito exterminador implacável. Mas, apesar de não ter arcaboiço sequer para peso pluma, também se não acredita que tivesse caído redondo, a contorcer-se como se tivesse sido possuído pelo demónio, quando o Sr Jorge Costa, amistosamente, lhe foi alisar os cabelos, meio revoltos pela chuva e pelo o vento. De outros disparates nem se fala mais, isto é uma coluna séria e quando olha para o futebol fá-lo de forma serena. Sabe que, como disse o Sr major Loureiro, o futebol profissional, com ele ao leme, é o melhor que o país tem.
Mas agora vem a comissão de disciplina com castigos. Quanto aos jogos de suspensão, é como o outro. Cinco cartões amarelos dão um jogo de suspensão, é um exagero mas temos de nos conformar. São precisas cinco tentativas para partir uma perna a um adversário, quase sempre falham todas, não se aleijou ninguém e tira-se assim o pão da boca a quem trabalha. Mas as multas. Deus meu, que está tudo doido.
Toda a gente sabe que os clubes não estão falidos, nem sequer atravessam dificuldades financeiras. Estão muito longe de estar como o país: de tanga. Por isso mesmo o Sr major os recomenda, como exemplo. Mas acabaram de fazer grandes investimentos em estádios que aí estão, novinhos, para receberem uma dúzia de jogos do Euro 2004. Houve apenas uma ligeira comparticipação do estado, apesar de serem contribuintes idóneos, sem dívidas ao fisco e sem impostos por declarar. Nunca a Dra Manuela Leite mandou o seu cobrador do fraque a visitá-los! Depois, o resto, foi comparticipação das câmaras municipais e dos institutos públicos que, para que se saiba, são entidades privadas. Mais! Em Guimarães a câmara suportou os custos e o Dr Pimenta Machado, em assembleia geral, aceitou receber o estádio como doação, evitando que a autarquia tivesse que suportar elevados custos de manutenção. Um mecenas!
Mas as multas de quase 500 contos! A comissão sabe o que são 500 contos, algum dos seus membros já alguma vez os viu, sabe quantos cafés se podem tomar, quantas entradas isso paga na Cova da Onça? E aos jogadores, a quem os clubes pagam cada vez menos e cada vez mais tarde. Multas de cinquenta e de trinta contos? Não tarda nada e estão a aplicar-lhes multas iguais ao valor do salário mínimo. Esquecem-se que é rapaziada nova, que tem filhos na escola e na catequese, que tem que lhes pagar os transportes e as amas quando à tarde ficam em casa. Para as mães irem às Amoreiras e ao Colombo fazer as compras para a casa e tomar uma bica a correr.
Não há dúvidas, a ministra Celeste Cardona tem de tirar um dia de férias e ir dar formação àquela gente, para aprender o que é a justiça. Isso ela sabe bem o que é. E o Sr major é o que se sabe: paga logo. Sem recibo, desde que não vá dizer nada à ministra das finanças.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial