15 de março de 2004

A persistente cultura do exagero

Espanha: 6.000 kms de Madrid a Lisboa!Não é novidade para ninguém que ontem se realizaram eleições gerais em Espanha. Poucos devem ainda desconhecer os resultados que produziram. O poder político muda de mãos. No cumprimento positivo do desiderato da alternativa. Os nossos jornais dizem que a Espanha virou à esquerda, sem aviso prévio e sem pôr pisca-pisca.

As eleições em Espanha quase chegaram a ser mais assunto cá do que lá. Antes delas ninguém sabia como ia ser e as previsões eram apenas para despistar curiosos inoportunos. Prognósticos, como dizia um antigo intelectual do nosso futebol, só no fim do jogo.

As nossas televisões montaram quartéis em Madrid, enviaram jornalistas do topo da hierarquia. Deram ao assunto a importância que, definitivamente, não tinha para nós. E, em alguns casos, superaram mesmo a atenção que as televisões espanholas lhes dedicaram.

Esta manhã já toda a comunicação social se pronuncia sobre o que aconteceu, e isso é público. Já se sabe até no mais recôndito ponto da China. E, com uma persistente queda para o exagero, já toda a gente sabe como e porque aconteceu. Descrevem-se fases, enumeram-se razões. Só não descobre um mínimo de bom senso que imponha alguma prudente contenção. A prudência não é atributo português.

Ontem à noite, ter permanecido um pouco mais de tempo ligados aos canais de televisão espanhóis, permitiria extrair algumas conclusões importantes. Desde logo sobre a forma sóbria e profissional com que a cobertura do acto eleitoral foi feita. Sem a insistência na opinião vulgar e inútil das centenas de comentadores, confortavelmente sentados em estúdio, com bebidas à descrição e charutos para os intervalos. Ouvidos responsáveis dos diversos partidos políticos, conhecidos os resultados, a antena mudou para outras questões. Realmente não é só o salário mínimo deles que é mais elevado do que o nosso. Na corrida para a Europa em que, esfalfado e deitando os bofes pela boca, o nosso governo se diz empenhado, já não levamos o atraso que vai de Madrid a Lisboa. Já nos levam o avanço de Madrid à remota ilha do Corvo.

1 Comentários:

Às 11:38 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

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