Levem o recado ao senhor John Kerry
Em Portugal o regime tem um cronista oficial: é o senhor Luís Delgado. As suas crónicas têm a sua indelével marca de água e a exactidão burocrata do Diário da República em versão impressa, com os resultados do concurso da colocação de professores. Uma fotografia sua, de quando tinha 15 anos, encabeça altivamente cada 15 centímetros de prosa. A idade não lhe confere a credibilidade que se acha adequada à sua condição e o editor já encomendou os serviços de um gabinete multimédia para lhe melhorar o aspecto, pondo-lhe barbas e um bigode farfalhudo e denso.
Agora Portugal tem também um predestinado editor que indica ao país os caminhos da retoma e da felicidade. E ao mundo os processos para decretar a democracia, reduzir os índices de mortalidade infantil e ganhar todas as guerras. Mesmo aquelas em que o inimigo não é conhecido e mora em local incerto. Pena é que seja ainda tão novo, com apenas 46 anos, e lhe seja difícil regressar à batalha de S. Mamede para nos corrigir o sinuoso percurso que a história nos foi traçando.
Mas, felizmente, tem sorte o Haiti quanto ao seu futuro. Assim um dos aviões que regularmente descola da Portela, com destino às Caraíbas, leve no seu bojo o editorial de hoje e, à passagem pela ilha, o deixe cair sobre Port-au-Prince amarrado com uma guita a uma pedra. Para que possa ser conhecido e, naturalmente, seguidos os seus doutrinais conselhos.
Amanhã uma infinidade de burocratas estará ocupada na redacção de constituições, decretos e portarias. A instituir a democracia, a eliminar as pensões raciais entre mais pretos e menos pretos, a redigir os estatutos das instituições democráticas que nunca existiram. O futuro não será automaticamente melhor sem Aristide. E o passado também não, nem o presente.
Siga ainda adiante ao menos a notícia, até Massachussets, ao encontro do senhor John Kerry. Para que o mesmo possa saber que a mostarda Heinz, que enche a conta bancária da sua mulher, já chegou ao nariz do senhor José Manuel Fernandes. E que este, como um amigo sincero, o adverte relativamente às suas afirmações sobre Aristide e o Haiti. Porque um autocrata eleito não passa a ser um democrata eleito. Um mais preto eleito não passa a ser um menos preto eleito. Um autocrata mais preto eleito não passa a ser um democrata menos preto eleito.
Agora Portugal tem também um predestinado editor que indica ao país os caminhos da retoma e da felicidade. E ao mundo os processos para decretar a democracia, reduzir os índices de mortalidade infantil e ganhar todas as guerras. Mesmo aquelas em que o inimigo não é conhecido e mora em local incerto. Pena é que seja ainda tão novo, com apenas 46 anos, e lhe seja difícil regressar à batalha de S. Mamede para nos corrigir o sinuoso percurso que a história nos foi traçando.
Mas, felizmente, tem sorte o Haiti quanto ao seu futuro. Assim um dos aviões que regularmente descola da Portela, com destino às Caraíbas, leve no seu bojo o editorial de hoje e, à passagem pela ilha, o deixe cair sobre Port-au-Prince amarrado com uma guita a uma pedra. Para que possa ser conhecido e, naturalmente, seguidos os seus doutrinais conselhos.
Amanhã uma infinidade de burocratas estará ocupada na redacção de constituições, decretos e portarias. A instituir a democracia, a eliminar as pensões raciais entre mais pretos e menos pretos, a redigir os estatutos das instituições democráticas que nunca existiram. O futuro não será automaticamente melhor sem Aristide. E o passado também não, nem o presente.
Siga ainda adiante ao menos a notícia, até Massachussets, ao encontro do senhor John Kerry. Para que o mesmo possa saber que a mostarda Heinz, que enche a conta bancária da sua mulher, já chegou ao nariz do senhor José Manuel Fernandes. E que este, como um amigo sincero, o adverte relativamente às suas afirmações sobre Aristide e o Haiti. Porque um autocrata eleito não passa a ser um democrata eleito. Um mais preto eleito não passa a ser um menos preto eleito. Um autocrata mais preto eleito não passa a ser um democrata menos preto eleito.
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