O dia internacional da mulher
Felicitemos hoje todas as mulheres porque o dia lhes é internacionalmente consagrado. Deveríamos também tê-las felicitado ontem, da mesma maneira, sem que o dia tivesse dedicatória especial. Deveremos fazê-lo ainda amanhã, já fora do prazo oficial, sem que o calendário nos mande assinalar seja o que for. Deveremos fazê-lo todos os dias da semana, de domingo a segunda-feira, sem a recomendação de instituições internacionais ou nacionais. Apenas porque, salvo questões físicas que apenas funcionam como factor de aproximação, são seres humanos rigorosamente iguais aos homens.
Achamos, pessoalmente, uma bizarria esta história do dia mulher, do dia da criança, do dia do idoso, do dia da solidariedade. Parece-se assim com uma velha questão religiosa que permitia comer carne no decurso da Quaresma desde que se adquirisse a respectiva bula. Dá a sensação de que tratando hoje bem todas as mulheres, convidando-as para jantar, dando-lhes flores, escrevendo poemas que lhes dedicamos, nos desobrigamos de continuarmos a fazer o mesmo durante os 364 dias que se seguem, em que poderemos agir livremente.
Mais do que ridículo parece-nos inteiramente desonesto reservar às mulheres um número determinado de lugares aos mais diversos níveis, nomeadamente político, que pura e simplesmente não serão cumpridos. É igualmente desonesto que lhes reservem tarefas idênticas às dos homens e se lhes pague remuneração inferior. Como o é também esperar ter com elas o prazer de fazer um filho e depois ficar tranquilamente a aguardar que ultrapassem as dores do parto, dêem banho à criança, a alimentem, a vistam para a escola e lhe revejam os deveres escolares.
É de facto difícil, senão impossível, esperar que algum dia venha a haver situações de consenso social seja sobre o que for. Quando numa comunidade elementar, composta apenas por duas pessoas, cuja única diferença é terem sexos diferentes, vai a desigualdade que se conhece. Mais do que enaltecer as qualidades da mulher num dia determinado, este deveria constituir uma oportunidade única para um necessário acto de contrição e para a correcção de erros que têm a mesma idade da espécie. E que, pelo andar da carruagem, tendem apenas a desaparecer com ela, por muito que se repita o contrário.
Achamos, pessoalmente, uma bizarria esta história do dia mulher, do dia da criança, do dia do idoso, do dia da solidariedade. Parece-se assim com uma velha questão religiosa que permitia comer carne no decurso da Quaresma desde que se adquirisse a respectiva bula. Dá a sensação de que tratando hoje bem todas as mulheres, convidando-as para jantar, dando-lhes flores, escrevendo poemas que lhes dedicamos, nos desobrigamos de continuarmos a fazer o mesmo durante os 364 dias que se seguem, em que poderemos agir livremente.
Mais do que ridículo parece-nos inteiramente desonesto reservar às mulheres um número determinado de lugares aos mais diversos níveis, nomeadamente político, que pura e simplesmente não serão cumpridos. É igualmente desonesto que lhes reservem tarefas idênticas às dos homens e se lhes pague remuneração inferior. Como o é também esperar ter com elas o prazer de fazer um filho e depois ficar tranquilamente a aguardar que ultrapassem as dores do parto, dêem banho à criança, a alimentem, a vistam para a escola e lhe revejam os deveres escolares.
É de facto difícil, senão impossível, esperar que algum dia venha a haver situações de consenso social seja sobre o que for. Quando numa comunidade elementar, composta apenas por duas pessoas, cuja única diferença é terem sexos diferentes, vai a desigualdade que se conhece. Mais do que enaltecer as qualidades da mulher num dia determinado, este deveria constituir uma oportunidade única para um necessário acto de contrição e para a correcção de erros que têm a mesma idade da espécie. E que, pelo andar da carruagem, tendem apenas a desaparecer com ela, por muito que se repita o contrário.
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