6 de março de 2004

O sr padre não faz grande propaganda: nem da associação, nem da igreja!

Sobre a questão do aborto já aqui dissemos dias atrás que não tínhamos uma posição definida. O que, todavia, não corresponde a dizer que temos uma não posição. Quer em todo o caso parecer-nos que, com um mínimo de senso comum e sem hipocrisias, a questão começa por pertencer ao foro científico e, depois, ao domínio da saúde pública. Salvo mais sensata opinião, só depois disso se levantarão os problemas éticos e morais que acabarão por cair no domínio da política.

É salutar que as pessoas discordem umas das outras, especialmente quando isso decorre do facto de terem ideias próprias e de as defenderem. Sem artifícios, sem batota e sem utilizarem argumentos rasteiros. Sem simularem grandes penalidades e sem passarem o tempo da discussão a atirar-se para o chão inventando rasteiras e caneladas que não receberam.

Ontem foi assunto do dia a distribuição em estabelecimentos de ensino, a crianças de pouca idade, de um folheto cujo conteúdo mais do que inconveniente é desonesto e abjecto. A produção do referido folheto parece ter sido da responsabilidade da Associação SOS Vida, contrária à extensão da liberdade para a prática do aborto - não sabemos se mesmo contrária às disposições legais actualmente em vigor! - e encabeçada por um padre católico. Este, de modo ridículo e com pouca ou nenhuma inteligência, declarou publicamente que havia de facto entregue esse folheto de pretensa propaganda, mas que não sabia onde o mesmo teria sido distribuído. O que, hipoteticamente, dá liberdade a cada um de nós para distribuir bombas e explosivos, que sabemos mortíferos, desde que são façamos ideia da utilização que lhe darão de seguida.

Para além disto entendemos que as funções do sacerdote, seja ele de que religião for, se esgota no âmbito daquelas que lhe confere a igreja que representa. Independentemente de, como homem, poder ter opinião, a que tem o mesmo direito do que qualquer outro. Não percebemos a intromissão activa da religião nas questões políticas. Ou científicas, ou de saúde pública. Ainda por cima da forma ignóbil e rasteira como, neste caso, se processou.

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