5 de março de 2004

Pimpinha! Ai que escandaleira!

Pimpinha! Ai querida, a menina passou-se de todo, nem posso acreditar. Uma menina tão chiquérrima, com tanto pedigree, com a mãezinha que tem. Neta de quem é, um homem tão respeitado, de quem até o Dr Salazar era amigo. Ai como se sente a sua mãe, que já só aceita figurar nas revistas da sociedade em fotografias pequeninas, depois do peeling. Que escandaleira, querida!

A menina tem que ser capaz de controlar as suas emoções querida. O amor é um fogo que arde sem se ver como outro dia ouvi dizer o tio Carlos Castro. Mas a paixão é muito pior, parece um palestiniano armadilhado a explodir numa carruagem do comboio da linha. Quando assim é, querida, vá tomar um duche. O mais frio possível. É como fazem nas churrasqueiras, a atirarem água para cima das brasas muito assanhadas, para lhes esmorecer a violência. Olha que fala a experiência da tia.

Depois é preciso ter calma para não dar o corpo pela alma, como canta o querido do Marco Paulo. Roma e a Mouraria não se fizeram num dia, como diz o provérbio. Muito mais do que isso levou o Marquês de Pombal a construir a ponte de Vila Franca e a sua mãezinha a escrever o nome dela com uma caneta de tinta permanente.

A menina tinha tudo à sua disposição, querida. O hotel, o rapaz, o pretexto. Que fogo menina! O mundo não acaba hoje e o rapaz, por mais que seja usado, também não. Desgasta-se. Não se gasta. Há um provérbio que diz que quem espera nunca alcança, mas o querido do Chico Buarque fez uma cantiga a dizer que é mentira. Eu nunca a ouvi, que não gosto dele, mas já me contaram.

Não percebo é uma coisa Pimpinha. Então não era a menina que estava num fogo pegado, pior do que os fogos de Verão na serra de Sintra? E foi esvaziar o extintor no quarto do rapaz?
Então não era a menina que precisava do seu fogo apagado? Ou não era com o extintor? Sua sabidona! Malandreca. Quem sai aos seus não regenera, pois não?

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial