22 de abril de 2004

A revisão da Constituição

A pressa que para aí vai! Tudo a propósito e com o objectivo de ter pronta uma revisão constitucional ainda antes do dia em que o país, vestido com o fato de ir ver a Deus, irá celebrar os 30 anos de evolução que o governo, para nosso orgulho e bem estar, tem vindo a apregoar nos jornais, em páginas inteiras, como publicidade paga.

Como se sabe desde longa data, o problema que maior resistência opõe ao desenvolvimento do país é exactamente o texto constitucional. Graças ao patriotismo dos deputados e à boa vontade com que se dispõem sempre a fazer horas extraordinárias sem serem pagos, como se fossem médicos do Hospital de Santo António, esse texto tem vindo a ser melhorado com as diversas revisões já levadas a efeito. Seis, com esta! E os progressos daí decorrentes não se têm feito esperar. Aumentou o número de quilómetros de auto-estradas, a inferior qualidade dos pisos, o preço das portagens e os lucros da Brisa. Para já não falar no aumento previsível das rendas de casa, da água, da electricidade e do arroz carolino.

Esta revisão é conseguida em tempo recorde, praticamente sem discussão, quase a entrar em vigor sem ter sido aprovada e com o vasto âmbito a que os senhores deputados, persistentemente, nos habituaram: nenhum! Exactamente por isso o Sr Telmo Correia se não confessa realizado, salientando que não é a revisão constitucional que corresponde aos anseios do país, mas é um passo em frente. O que nos leva a compreender a crescente ansiedade de Portugal e o progressivo recurso aos ansiolíticos. Cujo custo tem, como se sabe, praticamente sabotado a acção meritória do ministro Pereira em benefício da saúde e da renovação do contrato de exploração do Hospital Amadora/Sintra. Mas é, ao menos, um passo em frente. Esperemos que o país, prudente e precavido - que país avisado vale por dois! -, não esteja à beira do abismo quando os senhores deputados, de pé e batendo palmas a si próprios, aplaudirem o justo sentido do seu voto.

Apenas os "bloguistas" se manifestaram contra toda esta pressa, o que se compreende perfeitamente. Primeiro porque a pressa é adversária do bom português e isso representará a proliferação dos erros de ortografia nos "posts" e certamente levará a uma construção de frases que, no futuro, poderá vir a ser atribuída ao almirante Thomaz em detrimento da Dra Edite Estrela e do concelho de Carrazeda de Ansiães. Depois porque, na base desta reacção, estará também, seguramente, o adágio que o Dr Louçã, desde pequeno, ouve repetidamente a sua mãe: as cadelas apressadas quase sempre têm os filhos cegos!

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