19 de abril de 2004

Grande Porto, Grande vereadora!

Ernestina Miranda foi a vereadora responsável pelo pelouro da Educação na Câmara do Porto durante os doze anos de governação socialista que se iniciou com Fernando Gomes e acabou com o ex-delfim deste, Nuno Cardoso. Importa recordar que a Câmara do Porto foi sempre um género de casa assombrada onde, depois de 25 de Abril de 1974, e até Fernando Gomes, nunca nenhum presidente foi eleito para um segundo mandato. Nenhum também deixou obra que mereça a mínima referência. Mesmo Fernando Gomes, transferido de Vila do Conde, acabou à sua maneira: a trair os portuenses. Primeiro querendo acumular a Câmara do Porto e o Parlamento Europeu, não propriamente pelo gosto do trabalho, mas mais pela conveniência dos ordenados e das mordomias. Clamou na praça pública, dizendo-se injustiçado, quando lhe inviabilizaram o arranjinho. E era bom que fosse rapidamente analisada a situação dos múltiplos administradores do Metro do Porto que acumulam cargos, vencimentos, despesas de representação e poucas vergonhas. E não é só do pai do presidente do Boavista Futebol Clube que se fala, é de todos!

Mas ainda quanto a Ernestina Miranda, eminência parda de três mandatos, primeiro ao serviço de Fernando Gomes e depois de Nuno Cardoso. Uma auditoria agora realizada chega à conclusão, brilhante para o currículo da dita, que 23 cheques totalizando 61.000 euros e mais 40.000 euros em dinheiro foram recebidos das escolas, para pagamento das refeições fornecidas aos respectivos alunos, mas não deram entrada nos cofres da autarquia. Muitos desses pagamentos foram feitos contra a entrega de documento de quitação assinado pela própria vereadora. Alguns cheques foram emitidos em seu próprio nome o que, sem necessidade de mais investigações, configura linearmente o crime de apropriação indevida de fundos.

Como reagiu Ernestina Miranda quando confrontada com a situação? Politicamente! Limitando-se a negar quaisquer responsabilidades no desvio de verbas e asseverando que tinha a maior confiança no funcionário que tinha a seu cargo esse serviço. O que, obviamente, é digno de pessoa que não bate bem da bola. A vereadora era ela, a responsável é ela. Ponto final. Pior do que isso! Quando de forma rasteira qualifica de ladrão um funcionário em quem depositava a maior confiança estará também a referir-se aos cheques em seu próprio nome? E aos recibos de quitação que ela própria assinou?

Só falta vir a público para dizer que, mesmo estando disposta a isso, não pode extrair da questão as conclusões políticas imediatas porque, entretanto, deixou de tutelar o pelouro. Quando o caso é simplesmente um caso de polícia. Por quaisquer cem euros qualquer operadora de caixa do Continente já teria sido detida. Esta, se calhar, pira-se para a praia de Copacabana. Ainda por cima cheia de razão!

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