20 de abril de 2004

Quando o seminarista é mais papista que o Papa

Muitas vezes quero crer que a única vocação verdadeiramente nacional aponta para o disparate grosseiro e para o convencimento pacóvio do campónio rapidamente enriquecido à custa do volfrâmio, carregando ostensivamente ouro nos dentes e inúteis canetas de tinta permanente no bolso do casaco. Mas é também certo que alguns portugueses têm, em relação a alguns assuntos, muito maior vocação do que outros. Em relação ao Iraque, por exemplo, a vocação pertence essencialmente ao José Manuel Fernandes e ao Luís Delgado. Muito mais do que à autoproclamada Glória Fácil ou ao Doméstico, regressado da reciclagem algures, na Arábia Saudita.

De cátedra, ontem, José Manuel Fernandes dizia que ninguém mais podia confiar em Zapatero. Nem a mulher, porque é homem de se deitar com a primeira saia que lhe aparecer, mesmo que denunciadamente seja uma potencial Mata Hari. E atirava com um chorado multilateralismo que me prolongou a comoção até agora, tudo por causa do homem respeitar um compromisso político assumido em campanha que - recorde-se! - apenas veiculava a opinião maioritária da população espanhola sobre a participação do país na invasão do Iraque.

Há pouco, nos noticiários televisivos, foi possível ver o americano Colin Powell pronunciar-se sobre a retirada das tropas espanholas e hondurenhas para dizer que a lamentava. Mas para acrescentar, logo de seguida, que se tratava de países soberanos e que, por isso, tinham toda a legitimidade para a decidir. Está-se a caminho de até Bush perceber isto. Será que José Manuel Fernandes não conseguirá também perceber?

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