A criatividade da Câmara Municipal da Maia
Não se pode dizer que o país tenha perdido a compostura, o decoro ou a vergonha. Tão pouco que se tenha passado, precise de urgente consulta psiquiátrica e se alinhe em fila indiana - porque bicha é outra coisa! - para a consulta externa do Hospital Conde Ferreira, ignorando as prédicas regulares do ministro da saúde. Não! Porque nada nem ninguém perde, naturalmente, aquilo que não possui. E o país, no que respeita a qualidades, é um pretendente sistematicamente recusado pelo pai da noiva: não tem fortuna, nem modo de vida, nem sequer boas maneiras.
A Câmara Municipal da Maia negociou com a banca o recebimento antecipado das rendas que presumivelmente lhe hão-de ser devidas nos próximos vinte e cinco anos. A Câmara Municipal da Covilhã seguiu-lhe o exemplo e, de momento, não se sabe ainda qual a autarquia que irá aderir ao sistema em terceiro lugar. Mas a verdade é que se vão alinhando, como se fossem para a consulta externa.
O estratagema - ou truque como seriamente já foi classificado por um dos respeitáveis políticos que democraticamente elegemos todos os quatro anos - possibilita que sejam contornadas as disposições do poder central, via Manuela Ferreira Leite, que limitam o endividamento das autarquias. Houve até já quem comparasse o expediente ao utilizado por aquela assessora do Banco de Portugal quando cedeu, ao preço da uva mijona, os créditos mais ou menos mal parados que o Estado detinha sobre contribuintes relapsos.
Mal ou bem - a meu ver mal, porque tal denuncia a incapacidade e a incompetência do Estado na gestão do que é seu! - aquela vendeu dívidas que já existiam, que estavam vencidas, que não tinham sido pagas na devida altura e que, por isso, estavam em mora. O que é diferente de ceder alguma coisa que apenas se supõe que possa vir a ser devido daqui a vinte e cinco anos, quando a maioria dos presidentes de câmara tiver morrido e apenas Narciso Miranda se mantiver à frente de Matosinhos para continuar a levar à lota as comitivas eleitorais do seu partido. Cumprindo o seu último mandato, depois de legalmente estes terem sido finalmente limitados a um máximo de trinta e cinco.
Além disso ouvi que alguém enaltecia o tal dito truque, porque não era nenhum empréstimo. E fico à espera que todos os engenheiros civis inscritos na Ordem se libertem dos muitos inquéritos sobre o encerramento do túnel do Rossio para virem publicamente revelar os cálculos de uma tal engenharia financeira. Como é que alguém consegue da banca, adiantados, vinte e cinco anos de receitas sem que isso seja nenhum empréstimo! Que o mesmo é dizer, por mera questão de analogia, que a famigerada Casa da Música - ex-libris do Porto 2001, capital europeia da cultura - vai em quatro vezes o custo inicialmente previsto sem que haja o mais ligeiro desvio e sem que o ilusionista Luís de Matos tenha, por qualquer acaso e alguma vez, feito parte das sucessivas administrações.
A Câmara Municipal da Maia negociou com a banca o recebimento antecipado das rendas que presumivelmente lhe hão-de ser devidas nos próximos vinte e cinco anos. A Câmara Municipal da Covilhã seguiu-lhe o exemplo e, de momento, não se sabe ainda qual a autarquia que irá aderir ao sistema em terceiro lugar. Mas a verdade é que se vão alinhando, como se fossem para a consulta externa.
O estratagema - ou truque como seriamente já foi classificado por um dos respeitáveis políticos que democraticamente elegemos todos os quatro anos - possibilita que sejam contornadas as disposições do poder central, via Manuela Ferreira Leite, que limitam o endividamento das autarquias. Houve até já quem comparasse o expediente ao utilizado por aquela assessora do Banco de Portugal quando cedeu, ao preço da uva mijona, os créditos mais ou menos mal parados que o Estado detinha sobre contribuintes relapsos.
Mal ou bem - a meu ver mal, porque tal denuncia a incapacidade e a incompetência do Estado na gestão do que é seu! - aquela vendeu dívidas que já existiam, que estavam vencidas, que não tinham sido pagas na devida altura e que, por isso, estavam em mora. O que é diferente de ceder alguma coisa que apenas se supõe que possa vir a ser devido daqui a vinte e cinco anos, quando a maioria dos presidentes de câmara tiver morrido e apenas Narciso Miranda se mantiver à frente de Matosinhos para continuar a levar à lota as comitivas eleitorais do seu partido. Cumprindo o seu último mandato, depois de legalmente estes terem sido finalmente limitados a um máximo de trinta e cinco.
Além disso ouvi que alguém enaltecia o tal dito truque, porque não era nenhum empréstimo. E fico à espera que todos os engenheiros civis inscritos na Ordem se libertem dos muitos inquéritos sobre o encerramento do túnel do Rossio para virem publicamente revelar os cálculos de uma tal engenharia financeira. Como é que alguém consegue da banca, adiantados, vinte e cinco anos de receitas sem que isso seja nenhum empréstimo! Que o mesmo é dizer, por mera questão de analogia, que a famigerada Casa da Música - ex-libris do Porto 2001, capital europeia da cultura - vai em quatro vezes o custo inicialmente previsto sem que haja o mais ligeiro desvio e sem que o ilusionista Luís de Matos tenha, por qualquer acaso e alguma vez, feito parte das sucessivas administrações.
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