20 de outubro de 2004

O director de programas

A pretexto de apenas ser o governo que responde perante o eleitor - como se o governo respondesse perante fosse quem fosse, ainda por cima perante o coitado do eleitor! - o ministro Sarmento começou a anunciar ontem as suas futuras funções de director de programas da RTP. Em regime de acumulação e a bem do inestimável e apregoado serviço público. Tocado pela varinha de condão o ministro é premonitório e desde logo assegura o contraditório antes dele ser necessário ou mesmo desejado. Princípio tão elevadamente caro ao seu colega de governo, não sei quê da silva, temente a Deus, a Nossa Senhora de Fátima e à cabala, tenha esta origem objectiva ou subjectiva. Com um tiro abatem-se dois melros e não há, mesmo entre os portadores de licença de caça, mais exímio caçador.

Mas é preciso estar-se atento à forma como dispara e para onde dispara o ministro-caçador. Porque aparentemente quer fazer disto tudo uma coutada apenas sua, para onde convida familiares, amigos e apoiantes a troco de uma visita ao oceanário. Para depois se reunirem todos à volta da mesa a empazinar-se de cozido à portuguesa, emborcar garrafões de vinho e deliciar-se no doce pastoso do pudim. Caçador assim, ainda mesmo que introvertido e solitário, já se não via desde o tempo do Dr Salazar. E, por mim, não há saudades nenhumas!

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