O debate parlamentar
Uma nova novela teve ontem, em S. Bento, o primeiro episódio. Sócrates, com o apelido de um dentista brasileiro antigo campeão do mundo de futebol, anunciou com arrogância o primeiro confronto com Santana Lopes. Esqueceu-se que sempre que se fala de confrontos o país se estigmatiza na ideia de um ringue e na figura do Sr Tarzan Taborda, aos urros, calçando botas de cano curto e envergando à cintura uma pele de leopardo cobrindo-lhe as nádegas e as vergonhas. E na vítima do combate, um qualquer brutamontes mongol, de cabeça rapada, olhos em bico e bigode curto com corte descaído como se fosse uma papoila descolorida e murcha. Sabendo, sempre, que a questão será resolvida à tapona, em cima do estrado, contra as cordas, atropelando o juiz, invadindo o espaço reservado às cadeiras e aos assistentes das primeiras filas.
Depois Sócrates apresenta-se penteado, de equipamento novo, com o nome gravado nas costas da camisola e exibindo, orgulhoso, a braçadeira de capitão de equipa. Tomando uma pequena parte pelo todo e referindo que foi eleito, mas esquecendo-se que a grande maioria dos que pagam bilhete não foi tida nem achada no assunto e que, mesmo daqueles que votaram, o voto de uns vale mais do que o voto de outros. Sendo engenheiro civil entra no jogo como ajudante de trolha, tentando jogar como extremo esquerdo cujo pé canhoto é cego de todo, sem habilidade e sem treino. E, como se sabe, os seis milhões de adeptos do Benfica não elegeram o Sr Luís Filipe Vieira, como já não tinham eleito o Sr Manuel Vilarinho.
Até o original Anacleto estranhou que, tendo-se o hemiciclo transformado em galinheiro, nenhuma galinha tivesse posto o ovo entre dois cacarejos e apenas um bezerro tivesse surgido no meio do curral, cambaleando, procurando o tabuleiro da ração ou o fardo da palha. A desesperança, todavia, vem do facto de se anunciar a dicotomia numa luta de galos de aviário entre os quais a maior diferença é a exactidão com que são rigorosamente iguais. Na marca das roupas, no vazio de ideias, nos agradecimentos aos Srs Machado de Assis e Camilo Castelo Branco pela remessa dos seus últimos êxitos literários. Estamos feitos!
Depois Sócrates apresenta-se penteado, de equipamento novo, com o nome gravado nas costas da camisola e exibindo, orgulhoso, a braçadeira de capitão de equipa. Tomando uma pequena parte pelo todo e referindo que foi eleito, mas esquecendo-se que a grande maioria dos que pagam bilhete não foi tida nem achada no assunto e que, mesmo daqueles que votaram, o voto de uns vale mais do que o voto de outros. Sendo engenheiro civil entra no jogo como ajudante de trolha, tentando jogar como extremo esquerdo cujo pé canhoto é cego de todo, sem habilidade e sem treino. E, como se sabe, os seis milhões de adeptos do Benfica não elegeram o Sr Luís Filipe Vieira, como já não tinham eleito o Sr Manuel Vilarinho.
Até o original Anacleto estranhou que, tendo-se o hemiciclo transformado em galinheiro, nenhuma galinha tivesse posto o ovo entre dois cacarejos e apenas um bezerro tivesse surgido no meio do curral, cambaleando, procurando o tabuleiro da ração ou o fardo da palha. A desesperança, todavia, vem do facto de se anunciar a dicotomia numa luta de galos de aviário entre os quais a maior diferença é a exactidão com que são rigorosamente iguais. Na marca das roupas, no vazio de ideias, nos agradecimentos aos Srs Machado de Assis e Camilo Castelo Branco pela remessa dos seus últimos êxitos literários. Estamos feitos!
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