29 de outubro de 2004

Ninguém precisa de cheirar o cheiro que lhe não gosta

Todos os dias chego sempre na Ma-schamba, mesmo ainda quando é sábado ou até que seja domingo. Está bem! Às vezes até que chego tarde, a enxada me pesando em cima das costas, o caminho nunca que é direito. Carreiro, trilho de cabrito, para cima, para baixo, cada curva assim dessa maneira. Não adianta para ficar até tarde, caminho para casa é para fazer antes do sol dormir, arranjar comida para lhe cozinhar, comer tabaco a ver as estrelas que Deus adiantou pôr lá para cima, nem sei como conseguiu.

Mesmo que o tempo é curto, não fui eu que lhe fiz. Capino sempre ao menos daqui pracolá, junto o capim dos laldos, para secar, vejo batata doce que está crescida, às vezes levo-lhe umas folhas para lhe cozinhar com azeite de palma e mais do nosso peixe seco. A mandioca que está grande, pouco que falta para lhe arrancar. Quando conseguir adianto de comer mesmo assim crua, pelo caminho do carreiro, até que faz os dentes me ficar mais branco.

Hoje, com a chuva que choveu, até que cheguei mais tarde. Já adiantei dizer primeiro. Encontrei que patrão tinha vindo lá, mais cedo do que eu, no carro dele, na estrada dele, nem que nasce capim, nem que passa cabrito. Plantou essas coisas que não lhe conheço o nome, não sei se dá as frutas dela, se serve para comer. Mas que cheira mal de verdade, virge Maria! Também não faz mal: quem não gosta não come. Quem não gosta também não precisa de cheirar. Deixa lá, é essas complicações dos brancos. Coisas deles!

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