27 de janeiro de 2005

Deus me livre

Esta noite a televisão dita de serviço público abriu o seu telejornal com os resultados de uma sondagem promovida pela Universidade Católica que dava ao PS, nas próximas eleições, a maioria absoluta. As sondagens não são mais do que o nome indica: sondagens. Não se compreende que o assunto seja abertura de telejornal, embora não surpreenda. Por mim ainda não compreendi como é que os Estados Unidos libertaram o Iraque e, no entanto, nada já me surpreende que o continuem a afirmar.

Mas extraem-se ilações que são sempre manipuladas. Especialmente neste caso em que um grande número de inquiridos não respondeu. O que, forçosamente, não significa que ainda se mantenham indecisos. Mas, a mim, o que me causa fernicoques, o que me faz urticária, são as maiorias absolutas. Assustam-me, apavoram-me, metem-me medo. Especialmente quando os políticos as pedem invocando as necessidades de estabilidade para o país e a conveniência do poder absoluto para eles. Quanto a maiorias absolutas, honestamente, chegaram-me as que ainda conheci do Dr. Salazar. Aquelas que mandaram de bandeja ao Dr. Cavaco já foram extemporâneas. E a última, a que caiu à custa de uma posta de cherne e de um fartote de submarinos, já se esqueceram dela? Só se lembram que o Benfica não é campeão há oito anos, mesmo que o Altino possa estar feliz pela vitória de ontem? O resto esquece-vos?

Nenhum país precisa de maiorias absolutas para progredir, para se modernizar, para ser solidário. Mas precisa de gente honesta, competente, com um projecto colectivo que se sobreponha aos mesquinhos interesses pessoais ou de classe. O que, em Portugal, só o Sr. Luís Delgado vê no inenarrável Dr. Santana e mais ninguém encontra seja onde fôr ou em quem fôr. Façam-me tudo! Congelem-me o ordenado, aumentem-se o IRS, vistam-me a tanga, façam o discurso da produtividade mesmo que possa parecer plágio dos empresários, resguardados do frio nas arcadas do Estado, ameacem-me com agulhas rombas de seringas infectadas. Mas não me tragam nenhuma maioria absoluta. Substituam-na por homens que defendam um projecto para o país e não um armazém de sifões para retretes. Homens que ainda acreditem na história e que nela queiram vir a figurar por actos e não por montes no Alentejo ou por andares de luxo no bairro da Lapa. E se isso ajudar digam em quem devo votar para que não haja maioria absoluta nenhuma. Nem agora, nem nunca! A ver se asseguro aos meus filhos um futurozito menos mau. Porque o que se lhes perfila no horizonte é uma merda, mesmo sem maiorias!

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