Luta livre americana
Hoje realiza-se o único debate com a presença dos cinco maiores partidos com representação parlamentar. Por quanto se viu no período de pré-campanha, no anterior debate com a presença de Santana e Sócrates e no período de campanha já decorrido, um só debate é excessivo. Mascara-se o acto de democracia, sentando à mesma mesa quem tem 105 deputados, como o PSD, com quem dispõe de apenas 3, como o BE. Os partidos sem representação parlamentar, bem como os eleitores, ficam de fora. O sistema político limita-lhes a participação cívica à deposição de um papel num caixote de madeira, em data fixada pelo Presidente da República, e o forçado retorno à apagada e vil tristeza de todos os dias. Até ao próximo acto eleitoral.
Depois, como sempre, já se sabe quais serão os partidos mais votados e de onde sairá a semente do novo governo, que não governo novo. Além disso, as mais profundas e objectivas ideias que os senhores têm sobre as propostas para o país esgotaram-se nos primeiros quinze minutos que lhes foram dados para que as expusessem. Se disso restassem dúvidas, basta que se atente um pouco nas perguntas que o Jornal de Notícias desafiou cada participante a endereçar aos restantes e que não estão em linha.
Santana Lopes - não enviou perguntas, pelo que se assume não ter nada a perguntar a nenhum dos seus opositores políticos. Sabe já tudo sobre cada um. Mandou certamente espiões aos comícios e aos almoços e jantares da concorrência, que se empanzinaram à borla e recolheram indicações preciosas sobre os pontos fortes e fracos no ataque a na defesa. Ficaram sempre até ao fim, não prescindiram sequer dos digestivos, e têm justificação psicológica para os três golos sofridos pelo Sporting no Funchal e para os cinco marcados ao Rio Ave no domingo passado.
José Sócrates - comportamento idêntico ao de Santana Lopes, que se apresta para substituir como treinador da equipa principal. Sabe quantos pontos já perdeu o Futebol Clube do Porto no estádio do Dragão, quantos golos sofreu e os minutos a que foram marcados. Conhece os erros dos árbitros e tem presentes os fora de jogo não assinalados e os frangos do campo saídos da quinta que Vítor Baia possui nas praias a sul da foz do Douro.
Paulo Portas - enviou uma pergunta para cada um dos seus opositores, sendo que a nenhum ousa perguntar a data de nascimento de José Mourinho. Mostra-se preocupado com os impostos que os reformados, beneficiários da pensão mínima, terão que suportar para pagamento da Via do Infante e das férias do "jet set" na Quinta do Lago.
Para José Sócrates:
Como conseguirá pagar as SCUT sem que isso signifique mais impostos para todos os contribuintes?
Para Santana Lopes:
Que pergunta gostaria de me fazer?
Para Jerónimo de Sousa:
O PCP defende a saída de Portugal da OTAN e é contra o actual modelo da União Europeia. Saberá os custos dessas medidas para o país?
Para Francisco Louçã:
Quando aceita esse factor elementar que é a existência da Aliança Atlântica?
Jerónimo de Sousa - mandou também uma pergunta para cada um, mostrando-se especialmente preocupado com a situação de desemprego que se adivinha para Santana Lopes.
Para José Sócrates:
Que ideia é essa de um partido socialista propor o aumento da idade de reforma além dos 65 anos?
Para Santana Lopes:
Que vai fazer depois da derrota nas eleições?
Para Francisco Louçã:
Que lhe passou pela cabeça para fazer aquele disparate de afirmação perante Paulo Portas?
Para Paulo Portas:
Fala tanto das coisas positivas do seu Governo e porque esconde as graves responsabilidades que teve nas acções negativas?
Francisco Louçã - Também uma pergunta por cabeça, não lhe escapando a importância fundamental da opção nuclear da Coreia do Norte relativamente à produção de fenómenos do Entroncamento.
Para José Sócrates:
Vai manter o projecto dos hospitais PPP, incluindo os concursos já iniciados em Loures e Braga?
Para Santana Lopes:
Vai apoiar a candidatura de Cavaco Silva, depois de ser derrotado nas legislativas?
Para Jerónimo de Sousa:
Como comenta a opção nuclear da Coreia do Norte?
Para Paulo Portas:
Defendeu quotas para os emigrantes. Como explica que o seu Governo só tenha autorizado três emigrantes de Janeiro a Setembro de 2004?
Fico eu próprio ansioso e quase não lamento não ver hoje o Malato a fazer perguntas no um contra todos para assistir a este género inútil de luta livre americana de todos contra todos. A minha empregada doméstica, que já reivindicou a internet, apavora-se com a perspectiva do Portas vir a ser de novo ministro e autorizar a entrada de mais alguns quatro emigrantes vindos de leste. E mesmo a minha cadela boxer, com tanta ansiedade à sua volta, anda numa roda-viva. Certamente na dúvida por não saber se alguém se terá lembrado de que ela também precisa de ração para sobreviver.
Depois, como sempre, já se sabe quais serão os partidos mais votados e de onde sairá a semente do novo governo, que não governo novo. Além disso, as mais profundas e objectivas ideias que os senhores têm sobre as propostas para o país esgotaram-se nos primeiros quinze minutos que lhes foram dados para que as expusessem. Se disso restassem dúvidas, basta que se atente um pouco nas perguntas que o Jornal de Notícias desafiou cada participante a endereçar aos restantes e que não estão em linha.
Santana Lopes - não enviou perguntas, pelo que se assume não ter nada a perguntar a nenhum dos seus opositores políticos. Sabe já tudo sobre cada um. Mandou certamente espiões aos comícios e aos almoços e jantares da concorrência, que se empanzinaram à borla e recolheram indicações preciosas sobre os pontos fortes e fracos no ataque a na defesa. Ficaram sempre até ao fim, não prescindiram sequer dos digestivos, e têm justificação psicológica para os três golos sofridos pelo Sporting no Funchal e para os cinco marcados ao Rio Ave no domingo passado.
José Sócrates - comportamento idêntico ao de Santana Lopes, que se apresta para substituir como treinador da equipa principal. Sabe quantos pontos já perdeu o Futebol Clube do Porto no estádio do Dragão, quantos golos sofreu e os minutos a que foram marcados. Conhece os erros dos árbitros e tem presentes os fora de jogo não assinalados e os frangos do campo saídos da quinta que Vítor Baia possui nas praias a sul da foz do Douro.
Paulo Portas - enviou uma pergunta para cada um dos seus opositores, sendo que a nenhum ousa perguntar a data de nascimento de José Mourinho. Mostra-se preocupado com os impostos que os reformados, beneficiários da pensão mínima, terão que suportar para pagamento da Via do Infante e das férias do "jet set" na Quinta do Lago.
Como conseguirá pagar as SCUT sem que isso signifique mais impostos para todos os contribuintes?
Que pergunta gostaria de me fazer?
O PCP defende a saída de Portugal da OTAN e é contra o actual modelo da União Europeia. Saberá os custos dessas medidas para o país?
Quando aceita esse factor elementar que é a existência da Aliança Atlântica?
Jerónimo de Sousa - mandou também uma pergunta para cada um, mostrando-se especialmente preocupado com a situação de desemprego que se adivinha para Santana Lopes.
Que ideia é essa de um partido socialista propor o aumento da idade de reforma além dos 65 anos?
Que vai fazer depois da derrota nas eleições?
Que lhe passou pela cabeça para fazer aquele disparate de afirmação perante Paulo Portas?
Fala tanto das coisas positivas do seu Governo e porque esconde as graves responsabilidades que teve nas acções negativas?
Francisco Louçã - Também uma pergunta por cabeça, não lhe escapando a importância fundamental da opção nuclear da Coreia do Norte relativamente à produção de fenómenos do Entroncamento.
Vai manter o projecto dos hospitais PPP, incluindo os concursos já iniciados em Loures e Braga?
Vai apoiar a candidatura de Cavaco Silva, depois de ser derrotado nas legislativas?
Como comenta a opção nuclear da Coreia do Norte?
Defendeu quotas para os emigrantes. Como explica que o seu Governo só tenha autorizado três emigrantes de Janeiro a Setembro de 2004?
Fico eu próprio ansioso e quase não lamento não ver hoje o Malato a fazer perguntas no um contra todos para assistir a este género inútil de luta livre americana de todos contra todos. A minha empregada doméstica, que já reivindicou a internet, apavora-se com a perspectiva do Portas vir a ser de novo ministro e autorizar a entrada de mais alguns quatro emigrantes vindos de leste. E mesmo a minha cadela boxer, com tanta ansiedade à sua volta, anda numa roda-viva. Certamente na dúvida por não saber se alguém se terá lembrado de que ela também precisa de ração para sobreviver.
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