Mais papistas que o Papa
Portugal é o país da polémica estéril, da atitude oportunista, da discussão sem argumentos. E isto, se todos nós fossemos sensatamente lúcidos, já teríamos tido tempo mais do que suficiente para o entendermos, para o evitarmos e para o corrigirmos. Mas não! O país divide-se de forma exacerbada, nunca se tolera o adversário, não se aceita opinião diferente da nossa, a razão está do lado da posição que assumimos. Tudo o resto é heresia, atenta contra a moral, a religião, a família e os valores a que alguns aludem. Sem os especificar, que isso é coisa que não convém por aí além.
Lúcia de Jesus, uma velha freira de quase noventa e oito anos, faleceu ontem em Coimbra na mesma clausura em que viveu as últimas décadas da sua vida. O português comum, aquele que se levanta meio de madrugada, que se apressa para apanhar os transportes, que ansiosamente espera pela hora para picar o ponto e sair do emprego, dificilmente ouviu falar desta religiosa. Identifica-a de imediato se lhe falarem dos pastorinhos de Fátima, aqueles que, nos idos de 1917, foram os privilegiados videntes das diversas aparições de Nossa Senhora na charneca da Cova da Iria.
O país, de uma forma geral, não sabia em que convento estava a religiosa Lúcia, como passava os seus dias, desde quando estava doente. Isso não impediu que o governo que exerce funções com contrato a termo, como qualquer amanuense, tivesse decretado um dia de luto nacional pela morte da senhora. Camões, se fosse vivo, não teria beneficiado de tamanha honra e Pessoa, como se sabe, apenas foi transladado para os Jerónimos quando o poder político entendeu que era maior o merecimento da obra do que o tamanho da cirrose e o consumo de bagaço.
Dois partidos políticos, pressurosamente, suspenderam as actividades da campanha eleitoral por dois dias. Segundo disseram, em sinal de respeito para com a figura desaparecida. Passados os dois dias, desgraçados de nós, voltaremos a ter a demagogia balofa, as nenhumas ideias, os propósitos caciques, até que se fine o período que a lei estabelece. Sintomático é que a propósito de tal suspensão se pronunciem respeitadas figuras da igreja para dizer que a mesma não era necessária. O que é óbvio! Não é por não me benzer quando entro numa igreja ou por me não prostrar de joelhos virado para o altar-mor que manifesto menor respeito pelo templo e pela religião. Isso foi, o que mais ou menos, quiseram dizer alguns bispos.
Não gostou do que ouviu o Sr. Ribeiro e Castro, que acha pouco crentes as figuras religiosas que apelidaram de oportunismo político a suspensão das acções de campanha. E quero crer que, nos momentos que a sua actividade política lhe deixar livre há-de ir, de catecismo empunhado, ensinar os rudimentos da catequese ao bispo resignatário de Setúbal. Porque essa, no fundo, é a sua verdadeira vocação.
Lúcia de Jesus, uma velha freira de quase noventa e oito anos, faleceu ontem em Coimbra na mesma clausura em que viveu as últimas décadas da sua vida. O português comum, aquele que se levanta meio de madrugada, que se apressa para apanhar os transportes, que ansiosamente espera pela hora para picar o ponto e sair do emprego, dificilmente ouviu falar desta religiosa. Identifica-a de imediato se lhe falarem dos pastorinhos de Fátima, aqueles que, nos idos de 1917, foram os privilegiados videntes das diversas aparições de Nossa Senhora na charneca da Cova da Iria.O país, de uma forma geral, não sabia em que convento estava a religiosa Lúcia, como passava os seus dias, desde quando estava doente. Isso não impediu que o governo que exerce funções com contrato a termo, como qualquer amanuense, tivesse decretado um dia de luto nacional pela morte da senhora. Camões, se fosse vivo, não teria beneficiado de tamanha honra e Pessoa, como se sabe, apenas foi transladado para os Jerónimos quando o poder político entendeu que era maior o merecimento da obra do que o tamanho da cirrose e o consumo de bagaço.
Dois partidos políticos, pressurosamente, suspenderam as actividades da campanha eleitoral por dois dias. Segundo disseram, em sinal de respeito para com a figura desaparecida. Passados os dois dias, desgraçados de nós, voltaremos a ter a demagogia balofa, as nenhumas ideias, os propósitos caciques, até que se fine o período que a lei estabelece. Sintomático é que a propósito de tal suspensão se pronunciem respeitadas figuras da igreja para dizer que a mesma não era necessária. O que é óbvio! Não é por não me benzer quando entro numa igreja ou por me não prostrar de joelhos virado para o altar-mor que manifesto menor respeito pelo templo e pela religião. Isso foi, o que mais ou menos, quiseram dizer alguns bispos.
Não gostou do que ouviu o Sr. Ribeiro e Castro, que acha pouco crentes as figuras religiosas que apelidaram de oportunismo político a suspensão das acções de campanha. E quero crer que, nos momentos que a sua actividade política lhe deixar livre há-de ir, de catecismo empunhado, ensinar os rudimentos da catequese ao bispo resignatário de Setúbal. Porque essa, no fundo, é a sua verdadeira vocação.
P.S. (de post scriptum, mas podia ser outra coisa qualquer) - Um terceiro partido, que nos promete um rumo e uma nova religião em que possamos acreditar, ficou-se pela compungida hesitação entre o ateísmo militante do seu histórico patriarca e a devoção convicta do seu beato oficial. E assim sendo não respondeu sim e não respondeu não. Sensatamente ficou-se pelo "nim". Nos arraiais, feiras e mercados mandou recolher os zés pereiras e desligou os megafones. Debaixo de telha, como se possuísse licença de isqueiro, proclamou o ateísmo e a independência entre a igreja e o poder político. Tudo em pratos limpos!


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