21 de fevereiro de 2005

Rescaldo

Rei morto, rei posto. Não importa chorar sobre leite derramado. Mas fiquem, a título de rescaldo sem a profundidade da esperada análise de Luís Delgado, algumas curtas considerações.

Bloco de Esquerda - Tenha calma, Dr. Anacleto. Seja sensato. Fale sempre sóbrio, de bebida, triunfalismo e excitação. Pense duas vezes antes de dizer que o Bloco foi quem mais cresceu, deixe para os outros a demagogia suicida. O Bloco teve de facto mais 214.619 votos do que em 2002. Mas o PS teve mais 517.519 e mesmo a rudimentar aritmética do engenheiro Guterres é capaz de concluir que 517.519 é maior que 214.619. O Bloco teve mais 5 deputados e o PS mais 18 e, pela mesma aritmética, 18 ainda é meios que 5. Dão-se por irrelevantes os 4 mandatos que ainda faltam da emigração, mesmo que todos viessem a ser eleitos pelo Bloco. Em termos de mandatos o Bloco tem mais 5 deputados: cresceu 166,7%, o PS tem mais 18 que correspondem a cerca de 17,6%. Mas aí, como apenas o engenheiro Guterres não sabe, 2 são 50% de 4 e 10 são apenas 5% de 200. Embora 10 seja maior do que 2.

PCP/CDU - Jerónimo se Sousa provou que o mesmo catecismo pode ser ensinado de maneira diferente e é isso que também faz a diferença entre os professores que nos ensinam o português e a matemática do nosso descontentamento. Pena que não mude o conteúdo, que se não opte por outro alfabeto, que não haja novas ideias. Mas esse é o grande problema do caso português, incluindo as faixas mais intelectualizadas como as que militam ou gravitam próximo da órbita dos comunistas.

CDS/PP - Os reformados e as feiras e mercados não veneram Paulo Portas e agradecem mais depressa dez euros para a compra de batatas do que dois submarinos que custam um balúrdio e que não servem para nada, nem sequer para levar seja quem for à urgência do hospital de S. José à procura da mezinha para a gripe.

PPD/PSD - Como, à sua maneira, gosta de referir Santana Lopes. Perdeu em todo o lado, apenas garantindo a liderança em Leiria e na Madeira. Sendo igual a si próprio, quando chegou a hora da verdade nem coisou, nem saiu de cima: tiveram de o apear. Perdeu a sua luta contra os poderosos o que se deve, em minha opinião, à infiltração de um membro da família Espírito Santo no seu próprio governo a coberto de ministro dos artistas bem instalados na vida e da atribuição de subsídios para a ópera popular em S. Carlos. Além disso, de há muito que a comunidade internacional condena a utilização de crianças nos conflitos armados: não ocorria a ninguém aquela ideia peregrina do menino-guerreiro. Sensato, como sempre, apenas o Alberto João do bananal: como se compreende que, com mais 15.000 votos, tenha os mesmos deputados que o PS? Deveria ter 3,6 e o PS alguns 2,4, com um deputado sendo laranja até às partes baixas e rosa daí para baixo. Quanto às ditas pudibundas poderiam ser bicolores para satisfação de toda a região.

Partido Socialista - Ganhou em todas as frentes e renovou-se em tudo. Tanto que nem o hotel escolhido para quartel general foi o mesmo e, tirando o próprio José Sócrates que espalharam pelas paredes do país, não se viram caras conhecidas. Apenas apereceram sósias imperfeitos - a clonagem ajudaria muito à qualidade das cópias! - de Jaime Gama, Jorge Coelho, António Seguro, António Costa, Maria de Belém, mas sem se manifestarem disponíveis para ministros. Talvez por dificuldades de fabrico não me apercebi da presença de sósias de Edite Estrela, perfeitamente inimitável, e de Almeida Santos remetido à curta reforma e a um exíguo T2 em Coimbra. Quanto a Sócrates, lê a cábula na perfeição, mas nota-se que não sabe o que ela diz. Seria melhor que se dedicasse ao estudo, deitasse as cábulas para o lixo, deixasse para as estrelas de telenovela o que lhes pertence e se ocupasse do palco a que está obrigado.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial